Avaliação do potencial citotóxico e antibacteriano in vitro de complexos triazenido e benzotriazenido-ona de Au(I) e Cu(II)
Resumo
Nos dias atuais, há uma crescente ascensão das doenças neoplásicas e das infecções bacterianas ocasionadas por microrganismos multirresistentes em todo o mundo, representando grandes problemas para a saúde pública. Dessa forma, novos agentes antineoplásicos e antibacterianos têm sido extensivamente investigados. Notavelmente, os metalofármacos são reconhecidos por apresentarem inúmeras possibilidades, as quais são escassas para compostos orgânicos tradicionais, devido ao aumento da resistência a medicamentos contendo tais moléculas. Por estes motivos, o presente estudo teve como propósito avaliar o potencial biológico in vitro de quatro novos complexos metálicos contendo átomos de ouro(I) ou cobre(II): [(L)Au(PPh3)], onde PPh3 = trifenilfosfina e HL = 1-(4-amidofenil)-3-(4-acetilfenil)triazeno; [(L)2(Py)2(OH2)Cu(II)], [(Bipy)2(L)4Cu(II)2] e [(Phen)2(L)4Cu(II)2], onde Py = piridina; Bipy = 2,2’-bipiridina, Phen = 1,10-fenantrolina e HL = 1,2,3-benzotriazina-4(3H)-ona. Assim, após a caracterização por técnicas espectroscópicas e difração de raios X em monocristal, estes compostos foram avaliados in vitro quanto a sua atividade citotóxica (valores de CI50 - concentração que causa 50% de inibição no crescimento celular comparada ao controle) e antibacteriana (valores de CIM - concentração inibitória mínima). Os efeitos citotóxicos dos compostos frente a células de medula óssea de pacientes não tratados, com suspeita de malignidades hematológicas, foram investigados por meio de ensaio de citotoxicidade, utilizando o reagente brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazólio (MTT). As propriedades antibacterianas destes complexos foram avaliadas frente a diferentes cepas bacterianas potencialmente patogênicas, utilizando o método de microdiluição em caldo Mueller Hinton. Além disso, os complexos de Cu(II) foram testados quanto ao seu potencial citotóxico em linhagens celulares tumorais (K562, MCF-7 e B16F10) e linhagem celular não tumoral (VERO), por meio do ensaio com MTT. Os resultados obtidos para [(L)Au(PPh3)] demostraram que este complexo triazenido de Au(I) foi citotóxico frente a células de paciente com síndrome mielodisplásica (CI50 = 7,72 μM) e apresentou atividade expressiva frente a cepas bacterianas Gram positivas, incluindo microrganismos multirresistentes. Por sua vez, o complexo dinuclear de Cu(II) contendo co-ligantes phen na esfera de coordenação [(Phen)2(L)4Cu(II)2] apresentou elevada citotoxicidade em células tumorais (até 16 vezes maior do que a obtida para o metalofármaco Cisplatina), sendo altamente citotóxico nas linhagens de melanoma murino B16F10 (CI50 = 4,37 μM) e adenocarcinoma de mama MCF-7 (CI50 = 6,16 μM), bem como em amostras de pacientes com leucemia mieloide crônica (CI50 = 7,76 μM) e síndrome mieloproliferativa (CI50 = 7,01 μM). Interessantemente, ambos os complexos de Cu(II) contendo co-ligantes bipy ou phen apresentaram atividade antibacteriana frente a cepas Gram positivas e Gram negativas. Por conseguinte, estas conclusões indicam claramente que [(L)Au(PPh3)] e [(Phen)2(L)4Cu(II)2] possuem promissoras propriedades citotóxicas e antibacterianas in vitro.
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