Efeito do extrato aquoso e de nanopartículas poliméricas contendo sementes de Syzygium cumini sobre complicações do diabetes mellitus in vitro e in vivo
Abstract
Em longo prazo, pacientes diabéticos apresentam comprometimento do sistema cardiovascular, além de um desbalanço no sistema imunológico, que leva ao aumento na suscetibilidade desses em contrair infecções fúngicas. O diabetes mellitus (DM) também pode levar a uma alteração nos níveis de mediadores inflamatórios, como os pertencentes aos sistemas purinérgico e colinérgicos, citocinas e óxido nítrico (NO). Syzygium cumini é uma planta medicinal amplamente utilizada pela população na terapêutica do DM, sendo as sementes fonte de altas concentrações de compostos fitoquímicos com relevantes ações farmacológicas. Novos sistemas de administração de fármacos como as nanopartículas poliméricas podem aumentar o índice terapêutico e melhorar a estabilidade de extratos vegetais. Considerando os poucos estudos sobre a inter-relação desses com a infecção fúngica no DM, bem como a utilização de S. cumini frente a complicações do DM e na elaboração de novas formas de utilização, o objetivo desse estudo foi utilizar o extrato aquoso de sementes de S. cumini (ASc) no desenvolvimento de uma nanopartícula polimérica (NPASc) e avaliar suas atividades farmacológicas frente a parâmetros bioquímicos e inflamatórios em modelos de complicações do DM desenvolvidos in vitro e in vivo, bem como verificar possíveis efeitos tóxicos de NPASc em comparação com o ASc. O desenvolvimento da NPASc foi realizado com êxito, uma vez que demonstrou características compatíveis com os sistemas nanométricos. ASc e NPASc apresentaram uma alta concentração de compostos fenólicos e flavonoides, além do grande potencial antioxidante nos testes scavenger de DPPH, FRAP e contra a oxidação de partículas de LDL, comprovando que a formulação NPASc foi capaz de manter as propriedades do extrato. NPASc melhorou a atividade antifúngica in vitro de ASc frente a Candida guilliermondii e C. haemulonii. Observou-se ausência de toxicidade de ASc, NPASc e NPb nos testes de letalidade com Artemia salina e nos parâmetros analisados relacionados à toxicidade aguda em ratos. Foi observado um aumento nos parâmetros bioquímicos e citocinas pró-inflamatórias em soro, urina, atividade sérica e plaquetária das ectonucleotidases e níveis de NO, além de aumento na atividade da ADA, DPP-IV, acetilcolinesterase e níveis de NO em linfócitos nos grupos com DM e DM infectados com C. albicans. O mesmo observou-se em relação à atividade da ADA e aos níveis de NO, TBARS e AOPP em tecido renal, hepático e pancreático. Cabe ressaltar que o grupo de animais infectados por C. albicans apresentou altos níveis de creatinina sérica e citocinas pró-inflamatórias, além de um aumento na atividade das enzimas purinérgicas. ASc e NPASc foram capazes de atuar em diferentes rotas relacionadas ao sistema inflamatório, como na diminuição das atividades das ectonucleotidases, na regulação dos níveis de citocinas e NO, além de reduzir o estresse oxidativo e atenuar os níveis dos parâmetros bioquímicos nas amostras analisadas. Portanto, é possível concluir que as alterações encontradas em ratos diabéticos durante a infecção fúngica podem estar relacionadas a processos inflamatórios e tanto ASc quanto NPASc podem contribuir para um melhor entendimento e aplicabilidade da utilização dessa planta frente às complicações do DM.
Collections
The following license files are associated with this item: