Efeitos do treinamento muscular inspiratório de alta intensidade associado ao exercício aeróbico e resistido pós revascularização do miocárdio
Abstract
É crescente na atualidade a discussão sobre a inserção do treinamento muscular inspiratório (TMI) em programas de reabilitação cardíaca (RC). Especificamente em pacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM), o TMI tem sido incluído, não apenas na Fase I da RC, mas também na Fase II, visto que as repercussões na função pulmonar e a redução da capacidade funcional (CF) ainda se fazem presentes tardiamente. O presente estudo teve como objetivo investigar os efeitos da adição do TMI de alta intensidade ao exercício aeróbico e resistido (treinamento combinado-TC) em pacientes pós CRM (Fase II). Trata-se de um ensaio clínico randomizado, envolvendo 24 pacientes pós CRM aleatoriamente divididos em dois grupos: GTMIS+TC (n=12), que realizou o TMI sham associado ao TC, e GTMI+TC (n=12) submetidos ao TMI de alta intensidade associado ao TC, durante 12 semanas, 2 vezes por semana. Pré e pós intervenção foram avaliadas: CF máxima através do teste cardiopulmonar de exercício (VO2 pico); CF submáxima por meio do teste de caminhada de seis minutos (TC6M); qualidade de vida (QV) pelo questionário Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire (MLHFQ); força muscular respiratória (PImáx e PEmáx) através de manovacuometria; função pulmonar (CVF e VEF1) por meio de espirometria; resistência muscular inspiratória (PImáxS e Tlim) através do manovacuômetro e POWERbreathe®. Considerando os marcadores laboratoriais, a avaliação do perfil oxidativo ocorreu através dos produtos proteicos de oxidação avançada (AOPPs); perfil antioxidante pelo método de redução do ferro (FRAP); função endotelial por meio do nitrito/nitrato (NOx) e perfil inflamatório através da Proteína C reativa ultra-sensível (PCR-us). Houve aumento significativo no VO2 pico tanto no GTMIS+TC (p<0,0001) quanto no GTMI+TC (p<0,0001). Na comparação entre grupos, incremento significativo foi observado no GTMI+TC (p=0,0412). A distância percorrida no TC6M apresentou aumento significativo no GTMIS+TC (p<0,0001) e no GTMI+TC (p<0,0001). Entretanto, houve aumento significativo no GTMI+TC em relação ao GTMIS+TC (p<0,01). A pontuação no MLHFQ demonstrou redução significativa tanto no GTMIS+TC (p=0,0002) quanto no GTMI+TC (p<0,0001). Na comparação entre os grupos, redução significativa em favor do GTMI+TC foi encontrada (p<0,01). Houve aumento significativo da PImáx no GTMIS+TC (p=0,0126) e no GTMI+TC (p<0,0001). Incremento significativo no GTMI+TC foi observado em relação ao GTMIS+TC (p<0,001). O FRAP exibiu aumento significativo tanto no GTMIS+TC (p=0,0016) quanto no GTMI+TC (p<0,0001). Entre os grupos, aumento significativo foi observado a favor do GTMI+TC (p=0,0069). A PCR-us demonstrou redução significativa no GTMIS+TC (p=0,0589) e GTMI+TC (p=0,0056). Sem diferença significativa entre os grupos (p=0,3916). Houve aumento significativo intragrupo para PEmáx no GTMIS+TC (p=0,0106) e no GTMI+TC (p=0,0252), bem como, para o NOx no GTMIS+TC (p=0,0015) e no GTMI+TC (p=0,0150). Aumento significativo foi observado apenas no GTMI+TC na CVF (p=0,0070), no VEF1 (p=0,0022), na PImáxS (p<0,0001) e no Tlim (p=0,0046). O AOPP não apresentou diferenças significativas em nenhum dos grupos. O presente estudo demonstrou pela primeira vez que o TMI de alta intensidade, curto prazo, pode potencializar os efeitos do TC sobre a CF, força muscular inspiratória, QV e perfil antioxidante. Além disso, propiciou melhora na resistência muscular inspiratória e na função pulmonar em pacientes pós CRM inseridos na Fase II da RC. Tais achados são clinicamente relevantes ao demonstrarem que o TMI pode ser um complemento de baixo custo e fácil inserção nos programas de RC.
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