Estresse ocupacional, Burnout e cultura de segurança do paciente entre trabalhadores hospitalares de áreas semicríticas e críticas
Resumo
Este estudo objetivou avaliar a relação entre estresse ocupacional, burnout e percepção da cultura de segurança do paciente em trabalhadores de saúde de áreas semicríticas comparadas às críticas. Trata-se de estudo epidemiológico do tipo transversal, vinculado ao projeto matricial “Cultura de segurança do paciente e agravos à saúde do trabalhador em ambiente hospitalar” aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa Maria sob CAAE 80587417.0.0000.5346. A amostra constitui-se pelos trabalhadores de saúde das áreas críticas e semicríticas de hospital universitário. Os dados foram coletados por meio de Questionário de perfil sociodemográfico, laboral e de saúde, Safety Attitudes Questionnaire, Job Stress Scale e o Maslach Burnout Inventory, e extraídos do banco de dados do projeto matricial, mediante autorização da pesquisadora responsável. A análise ocorreu no programa PASW Statistic®, a partir da estatística descritiva e inferencial. Os resultados apontaram um perfil biossocial e laboral semelhante entre trabalhadores de saúde de áreas semicríticas (N=164) e críticas (N=229), composto por mulheres (79,9%), com companheiro (46,3%) e filhos (68,8%), idade média de 43,1 anos (± 8,3) para semicríticas e 43,4 anos (± 8,4) para críticas. A maior parte são técnicas de enfermagem (46,1%), atuantes no noturno (33,8%), satisfeitas com o seu trabalho (93,6%) e sem intenção de deixá-lo (80,1%). Quanto ao estresse, em áreas semicríticas houve prevalência de trabalhadores em alta exigência (N=47; 28,7%) e nas áreas críticas em trabalho ativo (N=75; 32,8%). A prevalência de burnout foi de 13,4% (N=22) para áreas semicríticas e 8,3% (N=19) para críticas. A análise do SAQ apontou uma percepção negativa da cultura de segurança do paciente (x̅ 63,5; ± 14,4 semicríticas; x̅ 66,5; ±12,7 críticas). O domínio satisfação no trabalho obteve percepção positiva em ambas as áreas. As áreas críticas obtiveram avaliações mais positivas em todos os domínios do SAQ. Houve associação significativa entre ser trabalhador das áreas críticas e ter percepção mais positiva para o domínio gerência da unidade. Altos níveis de desgaste emocional, despersonalização e demanda psicológica se correlacionaram negativamente com o SAQ. Também, a alta realização profissional, alto controle sobre o trabalho e baixa demanda psicológica se correlacionaram positivamente com o SAQ. A análise multivariada apontou que a alta exigência no trabalho elevou em 29% a prevalência para avaliar negativamente a cultura de segurança. Da mesma forma, a presença de burnout elevou em 21%, idade superior a 43 anos em 22%, ter companheiro em 19%, possuir pós-graduação em 21% e estar indeciso quanto a deixar o emprego em 19%. Conclui-se que apesar da cultura de segurança do paciente não ter apresentado diferença entre áreas, os trabalhadores das áreas semicríticas se mostraram mais afetados pelo estresse ocupacional e burnout. Situação que, se mantida a longo prazo, pode afetar negativamente a cultura de segurança e interferir na qualidade do cuidado. Espera-se que os achados possibilitem a
construção de intervenções para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, além do fortalecimento da cultura positiva de segurança do paciente.
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