Avaliação de enterobactérias resistentes aos carbapenêmicos isoladas em um hospital terciário
Abstract
A resistência aos antimicrobianos em enterobactérias é um grave problema de saúde pública. A rápida disseminação de genes e mecanismos de resistência aos antimicrobianos limitam as opções terapêuticas e implicam em um aumento na taxa de morbimortalidade dos pacientes. As bactérias produtoras de carbapenemase, como Klebsiella pneumoniae são consideradas importantes agentes de infecções hospitalares, devido à produção de carbapenemases. O objetivo deste estudo foi avaliar 178 amostras de enterobactérias resistentes aos carbapenêmicos (ERC) por métodos fenotípicos de difusão em disco e Blue-Carba, o seu perfil de sensibilidade aos antimicrobianos pelo sistema automatizado VITEK®2 (bioMérieux), além de detectar por Reação de cadeia de polimerase (PCR), o gene codificador de carbapenemase do tipo blaKPC. Essas amostras foram provenientes do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), Santa Maria/RS, e foram coletadas no período de um ano (julho de 2014 a julho de 2015). As amostras foram avaliadas através do teste de difusão em disco com inibidores de β-lactamases, tais como ácido fenilborónico (AFB), cloxacilina (CLOXA) e ácido etilenodiaminotetracético (EDTA), onde cepas com diferenças de diâmetros de halo ≥ 5mm para discos suplementados ou não com os inibidores de β-lactamases foram consideradas produtoras de carbapenemases. K. pneumoniae foi a ERC prevalente, que apareceu em 80,3% dos casos (n = 143). Entre os materiais clínicos, o swab retal foi responsável por 43,4% dos isolamentos (n=62). Dos isolados de ERC identificados, 56,7% (n=101) foram supostos produtores de K. pneumoniae carbapenemase (KPC), inibidos pelo AFB, enquanto que 7,3% (n=13) dos isolados foram inibidos tanto por AFB e CLOXA e foram considerados como supostos produtores de AmpC mediado por plasmídeo. Aproximadamente 3,4% (n=6) foram inibidos por EDTA, sendo possíveis produtores de metalo-β-lactamase (MBL); 32,6% (n=58) apresentaram resultados negativos para a AFB, CLOXA e EDTA e representaram outra classe de β-lactamases ou mecanismo de resistência. Para detecção genotípica, foram utilizadas 172 amostras de ERC de diferentes espécimes clínicos. K. pneumoniae foi microrganismo prevalente com 139 (80,81%) dos isolados. O material clínico de maior isolamento foi swab retal (cultura de vigilância) com 48 amostras (34,53%). O gene blaKPC foi detectado em 124 (72,09%) isolados. Na técnica de difusão de disco pelo AFB, 111 (64,53%) foram KPC e por Blue-Carba 121 (70,34%). Considerando a PCR como padrão ouro para este mecanismo de resistência, AFB evidenciou 80% de sensibilidade e 75% de especificidade. O teste bioquímico Blue-Carba apresentou 90% de sensibilidade e 81% de especificidade. A resistência à colistina foi identificada em 25 isolados de K. pneumoniae resistente aos carbapenêmicos (CR-Kp), sendo que 10 (7,19%) pacientes evoluíram a óbito por cepas CR-Kp e três (2,16%) por CR-Kp e resistente à colistina (CPR-Kp). A identificação dessas bactérias multirresistentes pelo laboratório é de suma importância para o isolamento imediato do paciente, além da adoção de medidas rigorosas de prevenção e controle de infecções para estes microrganismos multirresistentes.
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