Marcas interacionais em Los Cachorros, de Mario Vargas Llosa
Resumo
A presente dissertação de mestrado tem o objetivo de analisar as marcas de interação na obra Los Cachorros ([1967], 2010), do autor peruano Mario Vargas Llosa. Esse romance trata da história da personagem Cuéllar, que é castrado pela mordida de um cachorro, o Judas, ainda quando criança, a partir desse fato o protagonista vive uma série de conflitos relacionados a esse fato. Este trabalho pretende identificar, descrever e analisar diferentes aspectos composicionais do discurso indireto livre, que é a forma de organização do discurso da narrativa. Para tanto, foi construída uma metodologia de caráter qualitativa, a partir dos pressupostos dos estudos linguísticos. Essa foi baseada na proposta metodológica de Dino Preti (2004, 2009) de macroanálise (traços contextuais, relacionados ao gênero e a caracterização dos interlocutores) e microanálise (estruturas linguísticas que evidenciam pistas a respeito da estruturação de turnos, do tipo de relação entre as personagens e de suas características).
O referencial teórico articula pressupostos da Análise da Conversação, a partir de Marcuschi (2010), Briz (2011) e Koch e Oesterreicher (2007), que fundamentam a discussão sobre a relação entre o continuum entre o oral e o escrito; da Sociolinguística Interacional (GOFFMAN, 1988; PRETI, 2004, 2005) que versam sobre as especificidades das questões interacionais da oralidade; dos Estudos Estilísticos e da Pragmática, respectivamente com Vigara Tauste (1980) e Briz (2011), que justificam aspectos relacionados ao registro (oral e escrito); de interação verbal, Mikhail Bakhtin – Volochínov ([1979], 2014); e do discurso indireto livre, Mikhail Bakhtin – Volochínov ([1979], 2014) e Maldonado Gonzáles (1999). Essa proposta analítica fundamentou a identificação dos possíveis efeitos de sentido que as marcas interacionais, as marcas de interação oral e as marcas de oralidade imprimem a um texto ficcional, em discurso indireto livre. Tal tipo de análise do texto literário permitiu observar como a ilusão de oralidade (PRETI, 2004) confere à narrativa uma dimensão singular porque, no decorrer da narrativa, os traços da oralidade, de maneira geral, corroboram para a caracterização das personagens, para a identificação delas no emaranhado de vozes do discurso indireto livre. Também, vale salientar que as marcas de oralidade, em certa medida, são o elemento que conferem fluidez à leitura, justamente por engendrarem traços das personagens que são revelados por meio das características de suas falas.
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