Efeito modulatório do barbatimão (Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville) em marcadores citofuncionais de fibroblastos humanos senescentes: estudo in vitro
Resumo
Introdução: A pele, com o envelhecimento, sofre decréscimo de funções respondendo de forma mais lenta e parcial a processos de manutenção e regeneração. Por ser um fenômeno complexo, muitos quesitos estão envolvidos no desencadeamento e progressão do envelhecimento, no qual se destacam o encurtamento dos telômeros, diminuição na síntese de sirtuínas, níveis não controlados de espécies reativas de oxigênio (EROs) que podem levar ao estresse oxidativo, aumento das taxas de apoptose via super regulação da proteína p53 e também a estados inflamatórios crônicos. Uma vez que as populações humanas estão aumentando bem como sua expectativa de vida, identificar potenciais fatores que desacelerem o envelhecimento da pele pode ser considerado um aspecto de grande relevância. No Brasil existem muitas plantas que possuem ação cicatrizante e que também poderiam ter potencial ação na modulação de fatores associados ao envelhecimento da pele. Este é o caso do barbatimão (Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville), uma planta nativa dos Biomas Cerrado e Amazônia que possui sua matriz química rica em biomoléculas, como os taninos. Objetivos: avaliar in vitro o efeito modulatório do extrato aquoso de barbatimão em marcadores citofuncionais de uma linhagem comercial de fibroblastos humanos senescentes. Metodologia: a linhagem fibroblastos humanos (HFF-1), foi adquirida da ATCC-EUA via Banco de Células do Rio de Janeiro. No Laboratório de Biogenômica (UFSM), para se obter um fenótipo senescente, a linhagem foi cultivada em condições controladas (37ºC e saturação de 5% de CO2) durante diversas passagens até apresentar diminuição na taxa de proliferação em culturas de 72h e modificações citomorfológicas da monocamada celular. Nos fibroblastos-senescentes inicialmente foi realizada uma curva concentração resposta do extrato de barbatimão (0.49, 0.99, 1.99, 3.92 mg/mL) onde foi averiguado potencial efeito na viabilidade. A partir desta curva foram então escolhidas as concentrações com potencial eficácia e segurança para o prosseguimento das análises. As células novamente cultivadas foram expostas a estas concentrações e após 24 e 72 horas e através de ensaios espectrofotométricos, fluorimétricos, e de modulação de genes por técnica de qRT-PCR, foram conduzidas análises complementares em relação a parâmetros relacionados a viabilidade e proliferação celular, incluindo o fator de crescimento de fibroblastos (FGF) e queratinócitos (KGF), morfologia, marcadores inflamatórios, como interleucinas (IL-1β, IL-6, IL-10), fator de necrose tumoral (TNF-α) e interferon gama (INF-γ), de apoptose celular, como as caspases (Casp 3 e 8) e a 8-hydroxy-2'-deoxyguanosine (8-OHdG). A expressão dos genes da telomerase, sirtuína e p53 foi usada como marcador de senescência. Resultados: a partir da curva inicial foram escolhidas as concentrações de 0,49 mg/mL e 0,99 mg/mL para avaliar o efeito do barbatimão na modulação da senescência dos fibroblastos. A proliferação celular foi aumentada apenas na concentração de 0,99 mg/mL. Entretanto, o aumento significativo nos níveis de FGF e KGF, a redução de citocinas inflamatórias (IL-1β, IL-6, TNF-α, INF-γ), aumento da anti-inflamatória (IL-10) e decréscimo das Casp 3 e 8 e 8-OHdG foram dose-dependentes do extrato de barbatimão. Na expressão gênica os genes da telomerase e sirtuína apresentaram super expressão também de modo dose-dependente, enquanto para a p53 se observou downregulation. Apesar das limitações metodológicas associadas a protocolos in vitro, os resultados observados apontam para a capacidade modulatória do barbatimão quanto à senescência de fibroblastos dérmicos humanos senescentes (HFF1-old). Estes resultados sugerem que o barbatimão poderia ser utilizado em preparações cosméticas e ou dermatológicas que visem desacelerar o processo de envelhecimento da pele.
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