Para além do dossel: restauração florestal baseada em processos ecológicos
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2019-08-08Metadatos
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Para avaliar se a sucessão ecológica de determinado local está caminhando para a autossustentabilidade é necessário olhar além das árvores presentes no dossel, onde os indivíduos já estão estabelecidos e há pouca dinâmica sucessional. O monitoramento da estrutura florestal é necessário, porém não é suficiente para detectar como os processos ecológicos estão atuando e contribuindo para o sucesso da restauração. O presente trabalho objetivou analisar as funções que a regeneração natural e as espécies espontâneas desempenham na manutenção de processos ecológicos em áreas de restauração. O estudo foi desenvolvido no município de Itaara, Rio Grande do Sul, abrangendo três áreas de nascentes isoladas dos fatores de degradação desde 2014. A área pertence ao Bioma Mata Atlântica, Floresta Ombrófila Mista. No primeiro artigo avaliamos a interação entre plantas e visitantes florais em um projeto de restauração ecológica. A análise considerou a frequência de interações em um ano de monitoramento, analisadas através de redes mutualísticas e de cálculos referentes à estrutura das redes. Senecio brasiliensis, Miconia hiemalis, Eryngium horridum e Baccharis trimera foram as espécies que apresentaram maior número de interações com visitantes florais. Apis mellifera, Vespidae, Palpada sp., Augloshora sp. foram os principais visitantes florais observados. A área com vegetação aberta apresentou o maior número de interações ecológicas, o que demonstra o papel determinante das espécies espontâneas na manutenção dos visitantes florais em estágios iniciais de restauração ecológica. No segundo artigo avaliamos as mudanças na diversidade funcional em áreas de restauração passiva. A análise considerou indivíduos regenerantes em duas áreas com diferentes contextos de degradação. Calculamos a diversidade funcional e taxonômica em dois momentos: 2016 e 2018. A área com maior nível de degradação apresentou aumento na diversidade funcional ao longo do período monitorado, indicando que, após quatro anos do isolamento, os efeitos da degradação que estavam mais atuantes se tornaram menos restritivos. Os resultados para o índice de Shannon e diversidade funcional não convergiram na determinação da diversidade para as áreas, o que permite concluir que o uso exclusivo da diversidade taxonômica pode fornecer resultados pouco preditivos sobre o real funcionamento dos ecossistemas. A diversidade funcional foi eficiente para indicar modificações decorrentes do isolamento entre as épocas de avaliação e entre as áreas, melhorando a eficácia no monitoramento de estratégias de restauração ecológica. Nos dois artigos evidenciamos como a regeneração natural e as espécies espontâneas podem favorecer a sucessão ecológica e o funcionamento de ecossistemas em restauração. Estudos abordando não somente as espécies vegetais, mas os processos ecológicos envolvidos são de fundamental importância em pesquisas de restauração florestal.
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