Decomposição e emissão de N2O em função da qualidade e quantidade de resíduos culturais na superfície do solo
Resumo
O manejo dos resíduos culturais influencia vários processos na agricultura, como
por exemplo, a proteção do solo, a dinâmica da água, a decomposição, o destino dos
nutrientes e o balanço global dos gases de efeito estufa, principalmente o N2O. Estes
efeitos dependem da composição química e da quantidade inicial dos resíduos culturais.
Assim, o presente trabalho teve como objetivo quantificar a decomposição e liberação de
N, P e S de resíduos culturais com diferentes qualidades e quantidades depositados na
superfície do solo e a emissão de N2O. Para atingir esses objetivos foi conduzido um
experimento durante 360 dias na área experimental do Departamento de Solos da UFSM
em solo Argissolo Vermelho distrófico arênico. O delineamento utilizado foi de blocos
ao acaso, com quatro repetições. Os tratamentos consistiram de 3, 6 e 9 Mg ha-1 de matéria
seca (MS) de resíduos culturais de ervilhaca e trigo e um tratamento controle somente
com o solo descoberto. Para avaliar a decomposição os resíduos foram acondicionados
em quadros de madeira de 0,16 m2. Os resíduos dos tratamentos com 6 e 9 Mg ha-1 de
MS foram divididos em duas (inferior e superior) e três (inferior, mediana e superior)
camadas, respectivamente, com 3 Mg ha-1 em cada camada. Em 9 coletas dos resíduos
foram avaliadas a umidade do mulch e a MS, carbono, nitrogênio, fósforo e enxofre
remanescentes. Os fluxos de N2O e CO2 foram medidos através do método da câmara
estática fechada. No solo foi determinada continuamente a umidade e a temperatura nas
profundidades de 2,5 e 7,5 cm e os teores de NH4
+ e NO3
- em algumas datas que foram
realizadas a avaliação da emissão de N2O. Não houve interação entre a qualidade e
quantidade de C, N, P e S remanescentes nos resíduos de ervilhaca e trigo. A qualidade
dos resíduos apresentou efeito significativo em todas as datas de avaliação, com rápida
liberação dos nutrientes. A quantidade de resíduos não foi significativa para a liberação
de nutrientes. A qualidade dos resíduos afetou as emissões de N2O, com maior emissão
para o resíduo de ervilhaca quando comparado ao resíduo de trigo. Contudo a quantidade
apresenta efeito apenas para os resíduos de maior qualidade até 6 Mg ha-1. Para o resíduo
de trigo, não houve diferença significativa entre as quantidades. Os resultados deste
estudo evidenciam que a qualidade dos resíduos afeta a decomposição e liberação de
nutrientes e consequentemente as emissões de N2O e que a quantidade de resíduos afeta
apenas a emissão de N2O quando o resíduo apresenta alta qualidade.
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