Mulheres rurais e plantas medicinais: saberes, socialidades e autonomia feminina
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2019-08-28Metadatos
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A dissertação apresenta um estudo sobre as mulheres rurais, assentadas em projetos de assentamentos da reforma agrária do Rio Grande do Sul, vinculadas ao MST, e as relações tecidas em torno dos saberes-fazeres sobre plantas medicinais. A pesquisa tem como objetivo compreender como as mulheres rurais constroem, a partir dos saberes e práticas populares de saúde sobre as plantas medicinais, relações que proporcionam processos de autonomia e emancipação pessoal e social e de afirmação de lutas feministas no campo. A pesquisa, com abordagem qualitativa, estrutura-se em um estudo baseado em experiências vividas por cinco mulheres de diferentes regiões do estado, escolhidas em função dos acúmulos pessoais e sociais em torno do tema. As mulheres rurais foram entrevistadas a partir de um roteiro semiestruturado. Além disso, foi utilizado caderno de campo para registrar reflexões e observações de vivências de campo. O presente texto apresenta três capítulos: o primeiro, analisa a relação existente entre os saberes apropriados ao longo das trajetórias de vida destas mulheres e o acúmulo em torno dos mesmos como patrimônio cultural dos povos, apontando para questões de gênero em torno da temática e refletindo sobre divisão sexual do trabalho; o segundo, estuda as transformações construídas pelas mulheres rurais em questão em torno do cuidado e das suas concepções, que possibilitaram a construção de um pensamento voltado para a agroecologia e para os cuidados com a natureza e as relações simbólicas que envolvem estas concepções. O último capítulo analisa os avanços construídos no período mais recente em relação a instituições que executam políticas públicas, a manutenção das relações das mulheres rurais com setores católicos progressistas e as transformações proporcionadas nos espaços de convívio com a comunidade escolar do campo. Os conhecimentos e práticas sobre as ervas medicinais são compreendidos por estas mulheres como possibilidades de fazer o bem e como patrimônios que devem ser repassados para as novas gerações, como herança. A partir dos saberes e fazeres com as ervas medicinais, as mulheres rurais transformaram a concepção de cuidado, tornando-o amplo e vinculado a todos os seres vivos e a natureza. As relações que as mulheres tecem com diversos agentes sociais, vinculados às distintas instituições, reforçam a autonomia pessoal e oportunizam a ocupação de importantes espaços sociais, que fortalecem processos de emancipação social e das lutas feministas no campo.
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