Efeito da suplementação de carotenoides do urucum sobre a resistência da LDL-colesterol à oxidação e o status oxidativo em indivíduos saudáveis
Abstract
As doenças cardiovasculares são um grupo de doenças variadas, que incluem doenças de natureza obstrutiva, como a doença arterial coronariana e o acidente vascular cerebral, que constituem as principais causas de morte no mundo. A ocorrência desses eventos obstrutivos é consequência de uma processo conhecido como aterosclerose, que caracteriza-se pelo acúmulo de material lipídico e fibroso na parede arterial de vasos de grande e médio calibre. O desenvolvimento da aterosclerose envolve diversos processos, dentre eles o acúmulo vascular de lipídios, a disfunção endotelial, a inflamação e, especialmente, o estresse oxidativo, que é responsável pela oxidação da lipoproteína de baixa densidade (LDL). Dessa forma, pesquisadores têm buscado alternativas para evitar o desenvolvimento e a progressão da aterosclerose, como o consumo de alimentos ricos em compostos antioxidantes. Estudos epidemiológicos mostram que maiores níveis séricos de alguns carotenoides, como o licopeno, estão relacionados a um menor risco de sofrer um evento cardiovascular. Apesar disso, alguns estudos têm questionado os benefícios associados à suplementação com o licopeno. Sendo assim, outros carotenoides têm sido foco de pesquisas nos últimos anos. Dentre eles, os carotenoides presentes nas sementes do urucum (Bixa orellana), bixina e norbixina, cujo potencial antioxidante e antiaterogênico já foi demonstrado por estudos in vitro e em modelos animais. No entanto, não há relatos na literatura sobre os efeitos do seu consumo à curto e longo prazo por humanos. Logo, o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos do consumo de bixina, norbixina e licopeno durante 7 dias sobre biomarcadores bioquímicos e de estresse oxidativo, além da susceptibilidade da LDL à oxidação induzida por cobre em indivíduos saudáveis. Para tal, foi realizado um ensaio clínico randomizado, duplo cego, controlado por placebo e com delineamento cruzado com retorno. Participaram do estudo 16 voluntários saudáveis (8 homens e 8 mulheres), que receberam por via oral cada um dos quatro tratamentos propostos (bixina, norbixina, licopeno ou placebo) na dose de 0,05 mg/kg de peso corporal. Os marcadores bioquímicos e de estresse oxidativo avaliados, não foram afetados por nenhum dos tratamentos analisados. No entanto, em comparação ao placebo, a suplementação com bixina reduziu a taxa de oxidação da fração lipídica da LDL e os níveis séricos dos metabolitos do óxido nítrico (NOx). Além disso, houve uma correlação positiva entre os níveis de NOx e a suscetibilidade da LDL a oxidação ex-vivo, sugerindo que a redução dos níveis de NOx parece ser o mecanismo responsável pela ação protetora da bixina. Estes resultados sugerem que a bixina possui uma ação biológica que pode auxiliar na prevenção da aterosclerose.
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