Ecologia de saberes e práticas na produção de saúde no assentamento da antiga fazenda Annoni, no município de Pontão/RS
Resumo
Tendo em vista que a luta pela terra e pela Reforma Agrária não são lutas isoladas e que outras lutas se desvelam a partir dela, como é o caso da saúde; e que a luta pela terra e Reforma Agrária desencadeada na Fazenda Annoni pode ser considerada como um terreno fértil de aprendizados e fomentador de novas experiências de saúde; e compreendendo a importância de romper com a invisibilidade, de fazer emergir/“brotar” essas experiências, é que este estudo teve como objeto geral analisar a experiência de luta pela saúde desenvolvida no assentamento da antiga Fazenda Annoni, localizado no município de Pontão/RS, visando identificar como vem sendo construídas as relações entre os saberes e práticas, científicos e populares, na produção das ações em saúde no assentamento. Para tanto, desenvolveu-se uma pesquisa do tipo estudo de caso, com abordagem qualitativa. Os procedimentos metodológicos adotados compreenderam a realização de uma pesquisa exploratória, bibliográfica, documental e de campo, desenvolvidas de maneira inter-relacionada. Para a análise e interpretação dos dados utilizou-se a Triangulação de dados e o Método de Análise de Conteúdo, dos quais emergiram as seguintes categorias: Antecedentes históricos à ocupação da Fazenda Annoni - um resgate sobre as experiências de luta pela terra e Reforma Agrária na região norte do Rio Grande do Sul/RS; Da ocupação ao acampamento - a experiência de luta pela saúde que emerge/“brota” da luta pela terra representa a luta contra as doenças e em defesa da vida das famílias; Do assentamento provisório ao definitivo - a experiência de luta pela saúde que emerge/“brota” da luta pela terra representa a reorganização e o fortalecimento da rede solidária e de cooperação na produção das ações de saúde voltadas às famílias e, por fim; O assentamento a partir da formação do município de Pontão/RS - a experiência de luta pela saúde representa aliar esforços para a construção do sistema oficial de saúde – SUS. Ao concluir, entende-se que as relações entre os saberes e práticas, científicas e populares, identificadas na experiência de luta pela saúde construída no contexto da luta e conquista da terra, podem ser consideradas como um movimento alternativo de produção de ações de saúde, pois se alinham aos princípios que sustentam o movimento de luta pela terra, pela Reforma Agrária e pelo direito à saúde e em defesa do SUS e assim, promovendo uma Ecologia de saberes. A partir da emancipação do município, o assentamento já constituído se alia ao processo de construção do sistema oficial de saúde – SUS. No entanto, vivencia-se a partir daí momentos de tensionamentos em que o saber cientifico na saúde tende a dominar os demais saberes presentes na comunidade, gerando com isso movimentações e mobilizações no assentamento com vistas a confrontar essa forma de pensar e fazer na saúde, buscando com isso a promoção de uma Ecologia de saberes.
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