Plasticidade comportamental e morfológica em Aegla longirostri (Decapoda: anomura)
Resumo
Este estudo foi dividido em dois artigos, os quais abordaram o comportamento antipredatório e a seleção sexual em Aegla longirostri. Para avaliar o comportamento antipredatório foram realizados três experimentos subdivididos em dois tratamentos cada. No primeiro, os indivíduos estavam em jejum há uma semana e tiveram 20 minutos para se deslocar em um aquário com alimento e abrigo, primeiramente no tratamento sem risco, e depois de uma semana, no tratamento com risco de predação (o risco consiste da pista química de um coespecífico macerado em água). No segundo, os animais não jejuaram e foram submetidos aos mesmos dois tratamentos. No terceiro, o risco consistiu da pista química de um peixe predador natural de Aegla. Os resultados mostraram que os indivíduos sempre optaram por manter seus esforços de forrageamento, independente de haver risco ou não; mas com risco houve um balanceamento nas ações, pois passaram a se abrigar mais. Porém, o tempo dispensado para alimentação sempre foi maior que o tempo abrigado. Os animais abrigaram-se mais quando havia pistas dos coespecíficos macerados, indicando que tal pista é reconhecida como uma ameaça real de predação. Essa ousadia em relação à ameaça de predação pode estar relacionada aos maiores benefícios obtidos por indivíduos ousados, que geram um aumento na sua aptidão, como: parceiras, tocas e alimento. No segundo artigo, foi verificado se os quelípodos de A. longirostri são traços selecionados sexualmente (TSS), analisando-se: 1) se os sexos investem diferentemente no tamanho e forma dos quelípodos; 2) se os quelípodos dos machos de quatro populações diferem quanto ao tamanho e forma e 3) se os quelípodos apresentam maior variação que o segundo pereiópodo. Para investigar o dimorfismo sexual foram utilizados os dados de morfometria geométrica dos quelípodos e foi comparado o tamanho do centroide (TC) entre os sexos através do teste de Wilcoxon, a forma através de MANOVA e a interação entre os quelípodos e o TC através de ANCOVA. Para comparar os quelípodos dos machos das quatro populações, por meio de uma ANOVA analisou as diferenças do TC e, através de uma MANOVA compararam-se as formas. Uma PCA e Relative warps foram utilizados para verificar as tendências na variação da forma. Foi utilizada morfometria tradicional para comparar a variação dos apêndices sexuais (quelípodos) com um traço não sexual (pereiópodo), através de ANOVA. Os resultados mostraram que os quelípodos direitos não diferem entre os sexos, mas os esquerdos sim, e os machos investem diferentemente entre seus quelípodos, mas o mesmo não ocorre com as fêmeas. Os machos das quatro populações diferem quanto aos seus quelípodos e pereiópodos, e a morfometria tradicional revelou que os TSS são mais variáveis que o pereiópodo, mas não diferem entre si. Esses resultados indicam que o quelípodo esquerdo é um TSS, pois apenas os machos investem diferentemente nesse apêndice, diferindo a forma conforme a competição no ambiente em que vivem. Além disso, TSS são altamente dependentes da condição do portador e variam mais que traços não selecionados sexualmente, o que foi corroborado em nosso estudo.
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