Fatores estressores de pais de uma unidade de terapia intensiva neonatal
Resumo
Estudo transversal realizado com o objetivo de analisar os fatores associados ao
estresse de pais de recém-nascidos internados em Unidade de Terapia Intensiva
Neonatal. Os participantes do estudo foram o pai ou a mãe, ou ambos, de recém-
nascidos internados em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal de um hospital
público da região central do Rio Grande do Sul. Para a coleta dos dados foram utilizadas
a Parental Stress Scale: Neonatal Intensive Care Unit (PSS: NICU) traduzida e validada
para a população brasileira e um instrumento de caracterização dos participantes. A
análise dos dados foi realizada no programa R por meio da estatística descritiva e
analítica, testando a associação entre o estresse e as variáveis sociodemográficas dos
pais e de nascimento e clínicas dos recém-nascidos. O estudo seguiu a Resolução
466/2012 e possui aprovação ética. Dos 204 participantes, identificou-se que estes eram
do sexo feminino (62,3%), da faixa etária entre os 26 e os 35 anos (41,2%), viviam em
união estável ou com companheiro(a) (67,2%), possuíam um filho (45,6%) e o ensino
médio completo (27,9%). Eram provenientes da macrorregião centro-oeste (92,1%) do
estado do Rio Grande do Sul. Pertenciam aos estratos socioeconômicos C2 (23,5%) e
D-E (23,5%). A ocupação que obteve maior percentual foi do lar (28,6%). 13,7% dos
pais possuíam experiência prévia com hospitalização de um filho em Unidade de
Terapia Intensiva Neonatal. A alteração no papel de mãe/pai foi a subescala em que se
obteve o maior nível de estresse (média=3,49) e os itens considerados mais
estressantes pelos pais nesta subescala foram “Estar separada(o) do meu bebê”
(média=4,00) e “Sentir-se desamparada(o) e incapaz de proteger o meu bebê da dor e
de procedimentos dolorosos” (média=3,78). O alfa de Cronbach obtido para a PSS:
NICU foi de 0,92 na métrica 1 e 0,93 na métrica 2. As subescalas que compõem a PSS:
NICU também apresentaram valores de alfa de Cronbach considerados confiáveis, entre
0,77 a 0,88. As variáveis sociodemográficas associadas a maiores níveis de estresse
foram sexo feminino, não possuir experiência anterior com unidade neonatal, maior
escolaridade e ter religião. Dentre as variáveis clínicas dos recém-nascidos, citam-se
internação na unidade de alto risco, suporte respiratório, uso de dois dispositivos
intravenosos, procedimento cirúrgico prévio, sedação e uso de sonda vesical. Concluiu-
se que a hospitalização de um filho em unidade neonatal é uma experiência estressante
para os pais e que existem fatores sociodemográficos e neonatais que contribuem para
aumentar esse estresse. Dessa forma, faz-se necessária a reflexão dos profissionais
destas unidades acerca das suas práticas bem como a reformulação destas, para que
ocorra a integração da família nos cuidados e, assim, possa se minimizar o sofrimento
dos pais.
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