Avaliação do método Silveira com uso de dois modelos chuva-vazão para estimativa de disponibilidade hídrica em pequenas bacias com pequena amostragem de vazão
Resumo
A falta de dados hidrológicos em pequenas bacias gera incertezas que comprometem o
gerenciamento dos recursos hídricos. A atual rede hidrometeorológica do Brasil contempla
praticamente as grandes bacias hidrográficas, dificultando a calibragem de modelos
hidrológicos da forma convencional, que normalmente necessita um longo período de
monitoramento. Agravando o problema, tem-se o fato de que a maioria dos estudos de
regionalização hidrológica não possuem aplicabilidade para pequenas bacias. Neste contexto,
Silveira (1997) desenvolveu uma metodologia alternativa para essa demanda, que se baseia na
combinação de um modelo chuva-vazão simplificado com uma amostragem reduzida de
vazões – no mínimo três, em período de estiagem. Assim, seu uso é adequado para determinar
uma curva de permanência confiável em seu ramo inferior dando subsídios para a gestão de
recursos hídricos. Como a utilização da metodologia vem crescendo, o objetivo deste trabalho
é avaliar a aplicabilidade dessa metodologia para estimativa de vazões medianas e mínimas
utilizando dois modelos chuva-vazão em bacias com dados escassos. Para atingir o objetivo
do trabalho foram estudadas quatro bacias com pequenas áreas de drenagem e diferentes uso
do solo, duas localizadas próximas ao campus da UFSM (Santa Maria/RS) e outras duas no
município de Rosário do Sul/RS. A essas bacias foi aplicada a metodologia desenvolvida por
Silveira, utilizando dois modelos chuva-vazão diferentes: i) MPB2, modelo simplificado
desenvolvido na própria metodologia Silveira; e ii) IPH2. Para isso, a partir de uma série
observada de vazões, foram selecionados períodos de estiagens – seis dias sem chuva (três
dias intercalados com medição de vazão). Com essas amostras ajustaram-se os modelos
chuva-vazão para posterior geração da curva de permanência resultante de cada ajuste. Assim,
a curva de permanência resultante de cada evento foi comparada com a curva de permanência
da série inteira observada, através de análises estatísticas e determinação de intervalos de
confiança. Como principal resultado da análise, todas as bacias apresentaram um erro de
estimativa pequeno com 90% de confiança, na determinação das vazões com 90% e 95% de
permanência, que são comumente utilizadas em processos de outorga de direito de uso.
Portanto, a metodologia testada gerou resultados satisfatórios para dar subsídios à gestão.
Como os dois modelos chuva-vazão mostraram resultados aceitáveis para determinação das
vazões mínimas, sugere-se adotar o MPB2, que consiste em um modelo simplificado e de
fácil aplicação, enquanto o modelo IPH2 exige maior cautela de utilização, conforme
considerações descritas nesta dissertação.
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