Mulheres contra o machismo, mulheres contra o capital: a representação da mulher do MST nos jornais Sem Terra
Resumen
Diante da violência e da invisibilidade a que as mulheres estão sujeitas em diversas esferas sociais, as demandas por novas relações de gênero são urgentes. É comum encontrarmos vestígios de antigos dogmas e estereótipos em espaços libertários que confrontam o sistema, como é o caso do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. A mulher do MST encontra dois grandes obstáculos em sua militância: (1) o agronegócio que a coloca como trabalhadora semterra e que tange a questão a luta de classe e (2) os próprios companheiros, que em diferentes níveis oprimem essas mulheres dentro do movimento em função dos respingos da estrutura patriarcal. No intuito de analisar as representações sociais das mulheres do MST no jornal do próprio movimento, o Jornal Sem Terra, usamos da Análise Critica de Discurso para entender como se constrói essas representações a partir do fazer comunicacional que acaba dialogando com todo o movimento (bases políticas, assentamentos e acampamentos) e quais as novas relações sociais que se propõem. Evidenciamos que a mulher ainda está atrelada a instituição familiar, conceito historicamente marcado pelo conservadorismo. Além disso, percebemos importância da mulher ocupar espaços midiáticos para que o debate de gênero se despolitize e que elas continuem presente nos espaços de negociações simbólicas e atuando no campo político do movimento.