Investimento agrícola “Pronaf mais alimentos” na região Celeiro/RS: uma análise institucional da tomada de decisão
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Data
2018-06-05Primeiro membro da banca
Conceição, Octavio Augusto Camargo
Segundo membro da banca
Waquil, Paulo Dabdab
Terceiro membro da banca
Souza, Renato Santos de
Quarto membro da banca
Silveira, Vicente Celestino Pires
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O Pronaf Investimento Mais Alimentos, na intenção de fomentar a produção de alimentos,
incrementar a produtividade da agricultura familiar e proporcionar acesso a implementos com
tecnologia para os produtores, tem oportunizado mudanças em diferentes estabelecimentos
rurais. As restrições formais para adesão ao investimento se dão pela exigência de
enquadramento na Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), conforme a Lei da Agricultura
Familiar, somando-se a questões técnicas e financeiras. Entretanto, para os agricultores,
outros critérios estão influenciando as decisões, como componentes institucionais informais.
Considerou-se então, os elementos integrantes da teoria econômica institucional, que incluem
premissas de tomada de decisão e de influências provocadas por políticas públicas. A partir
disso, o questionamento da pesquisa é: como os componentes institucionais influenciam a
tomada de decisão dos agricultores familiares em um investimento agrícola. O objetivo da
tese foi de analisar as influências dos componentes institucionais formais e informais na
tomada de decisão de quem aderiu, ou não, ao Pronaf Mais Alimentos na agricultura familiar.
Para verificar essas influências, utilizou-se de uma pesquisa aplicada em três municípios da
região Celeiro do Rio Grande do Sul. O método misto dessa pesquisa, com abordagem
estratégica de triangulação concomitante, priorizou os resultados quantitativos, seguidos de
análise dos dados qualitativos. Os dados foram analisados por meio de análise de conteúdo,
estatística descritiva, testes de hipóteses não paramétricos e regressão logística. Os resultados
demonstraram um processo de seleção e adaptação das instituições na agricultura familiar no
seguinte sentido: quem possui um nível de tecnologia baixo, poucos equipamentos e
benfeitorias, e é menos qualificado, passa apenas a manter a sua produção, muitas vezes à
espera da aposentadoria, ou se já possui tal benefício, continua morando no campo devido à
qualidade de vida. A expansão da produção se deu pelos agricultores que apresentaram
componentes formais com mais patrimônio e capital, somados aos componentes informais
que representam valores de orientação sobre a vida no campo de expansão da produção e
crescimento pessoal, aliados à busca de informações e processos de aprendizagem, além de
padrões de comportamento de prestação de serviços. Ao relacionar componentes formais e
informais, e obter um resultado do R² de Nalgekerke e Qui-quadrado com significância
estatística, pode-se reafirmar que a adesão ao Pronaf Investimento apresenta influência desses
elementos na decisão de investir. Destaca-se nos modelos informais variáveis como idade,
anos de atividade, padrões de comportamento da terceirização e contratação de serviços, além
de grau de escolaridade, participação em feiras, e por fim, percepção de valores em relação a
expansão da produção e dos lucros. Essas conclusões apresentam convergências com discussões de North (2005) de que as evoluções dessas experiências nos indivíduos formam
os modelos mentais, que explicam e interpretam o meio no qual se inserem e, em última
instância, determinam o comportamento social, influenciando a tomada de decisão dos
agentes. Ao propor cenários de probabilidades, também pode-se perceber que o nível de
tecnologia, quando relacionado ao padrão de comportamento de não terceirização/contratação
de serviços, aumenta a probabilidade dos produtores aderirem ao programa. Acrescenta-se
que aqueles que dão mais importância a valores de expansão da produção apresentam uma
maior probabilidade de adesão ao Pronaf Investimento Mais Alimentos. Por fim, quem possui
um padrão de comportamento de terceirização/contratação de serviços de produção e
apresenta um nível muito baixo de tecnologia parece não ser público-alvo de tal política de
crédito agrícola e deve ser incentivado de forma diferenciada, por ações de extensão rural que
considerem essas particularidades.
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