Sucessão geracional em propriedades rurais de associados a cooperativas agropecuárias: uma abordagem sobre jovens mulheres
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2020-12-11Metadatos
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Desde meados do século XX, as unidades produtivas familiares vivenciam constrangimentos,
frente ao processo acentuado da migração de jovens rurais para os centros urbanos. Esse cenário
condiciona o entendimento das diferentes decisões tomadas por esses jovens que repercutem na
reprodução social e econômica das propriedades em que estão inseridos. Diferentes abordagens
apresentam significativas distinções entre homens e mulheres no âmbito rural, sendo que a
mulher se encontra num patamar de desvantagem, e, por isso, decide, quando possível, migrar
para o urbano para assim obter sua autonomia e renda própria. Entre inúmeros elementos
condicionantes à migração das jovens rurais, um dos principais problemas atrelados a ela está
centrado na continuidade do rural através do processo de sucessão geracional, ou seja, trata-se
da prática em que as filhas assumem o lugar dos pais na gestão dos negócios, patrimônio e na
sequência da propriedade. Diante do exposto, o estudo teve como objetivo principal analisar a
dinâmica sucessória das jovens mulheres em propriedades rurais vinculadas a cooperativas
agropecuárias de diferentes segmentos no Rio Grande do Sul. As jovens são associadas ou filhas
de associados das cooperativas, com idades entre 18 e 30 anos, pertencentes a duas regiões do
Estado, sendo a Noroeste e Centro Oriental. A pesquisa caracteriza-se como qualitativa e
quantitativa, utilizando-se o instrumento de coleta de dados através de entrevistas
semiestruturadas. O procedimento utilizado para a análise dos dados foi a análise de conteúdo.
Foram realizadas 56 entrevistas, e a escolha das jovens deu-se de acordo com a existência das
participantes nas condições propostas pelo estudo. Na percepção das respondentes, o protótipo
de que a participação das mulheres no meio rural está condicionada a atividades consideradas
femininas, menos penosas ou de nenhuma decisão dentro da gestão, já não se faz tão real, frente
as atividades que desempenham atualmente nas propriedades. As jovens destacam uma maior
participação nas atividades e decisões da propriedade, pois optaram por permanecer no rural,
motivadas pela vontade e gosto pelo trabalho agrícola, além da busca por conhecimentos através
dos estudos, o que possibilitou que voltassem à propriedade. O fato é que elas possuem a
oportunidade de opinar e decidir sobre a gestão da propriedade, mas a decisão final é sempre
do pai, o que de certa maneira as distancia da gestão e consequentemente do processo
sucessório, deixando margem para que a jovem que busca autonomia e renda própria (uma vez
que a maioria delas ainda pede dinheiro aos pais quando precisa) acabe deixando a atividade
do rural, morando nele e indo trabalhar na cidade. Embora os dados da pesquisa mostrem que
as jovens estão em processo sucessório e na sua maioria em uma atividade na propriedade,
observa-se a participação significativa dos seus companheiros/cônjuges que vieram para a
propriedade, tornando-se mão de obra, e em alguns casos assumindo o papel de sucessores
geracionais no lugar das filhas. Contudo, o estudo deixa evidente a importância social e
econômica que as cooperativas agropecuárias possuem frente a dinâmica sucessória das
propriedades rurais, através das suas ações vistas ao desenvolvimento local e regional e
perceptíveis pela grande maioria das jovens. De modo geral, as jovens mulheres apontam como
tímidas as ações voltadas para elas, atrelando outros elementos como determinantes para que a
efetivação de sua condição enquanto sucessora geracional ocorra de maneira fluente e
planejada.
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