Violências nas escolas: juventudes e maquinaria capitalista no oeste catarinense
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Data
2015-08-24Primeiro membro da banca
Ribeiro, José Iran
Segundo membro da banca
Veiga, Adriana Moreira da Rocha
Terceiro membro da banca
Albornoz, Suzana Guerra
Quarto membro da banca
Schabbach, Letícia Maria
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O presente trabalho de pesquisa tem como objetivo responder que relações podem ser estabelecidas entre as violências na escola e a maquinaria capitalista e como isso é percebido na constituição dos sujeitos jovens. Para tanto, através de metodologia qualitativa e do método de história oral, são entrevistados vinte jovens estudantes do ensino médio de três escolas de dois municípios do oeste catarinense, sendo dez jovens do município de Xanxerê-SC e dez jovens do município de Xaxim-SC, além de entrevista não-estruturada com os/as gestores/as das escolas e corpo pedagógico e observação não-participante. A escolha dos dois municípios para a produção de dados foi determinada pelo diferente IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), como uma estratégia favorável à qualidade na pesquisa qualitativa. Nas narrativas dos/as jovens, são analisados: a) que tipos de violências circulam nas escolas e na sociedade do recorte pesquisado; b) que práticas escolares são vivenciadas pelos/as jovens e se elas conduzem ao empoderamento e ao protagonismo juvenil ou corroboram com as violências; c) que violências decorrentes da maquinaria capitalista ocorrem nos dois municípios, sendo estas verificadas através da relação dos/as jovens com o trabalho, com a demanda efetiva – o consumo – e com as tecnologias. Os dados produzidos apontam para os seguintes resultados: a) em todas as escolas pesquisadas, circulam, em menor ou maior medida, todos os tipos de violências que são esmiuçadas no referencial teórico, ou seja, a violência prática, instrumental, utilitária ou predatória, a violência da dominação, a vingança, o sadismo ou alegria de causar dano e a ideologia; b) no tocante às práticas escolares vivenciadas, as mesmas são significadas de modo diferente por gestores/as e jovens. Enquanto aqueles as supervalorizam como eficazes no combate às violências e ao empoderamento juvenil, os/as jovens ou as ignoram ou as consideram contrárias aos seus interesses. Portanto, tais práticas não corroboram par ao empoderamento e protagonismo juvenil e ainda corroboram para com as violências, porque esses/as jovens adentram a instituição escolar com déficit de capital cultural, este necessário para obter-se êxito nela. Assim, a escola ratifica com a exclusão enquanto ratifica as violências. c) Em relação à maquinaria capitalista, concluiu-se que os/as jovens adentram muito cedo no mundo do trabalho, quer formal, quer informal, seja por força da necessidade de auxiliar no orçamento doméstico, seja por força da moralidade religiosa cristã, a qual considera positivo o sofrimento e o trabalho duro. Esses/as jovens são mal remunerados e precisam expor-se a condições muitas vezes desfavoráveis de trabalho, nas quais os direitos trabalhistas, a segurança e as circunstâncias favoráveis ao pleno desenvolvimento do/da jovem não são observadas. Ainda, em face dos resultados obtidos, são apresentadas algumas estratégias no sentido de conter/minimizar as violências na escola, haja vista que as mesmas interferem negativamente na qualidade da educação e por isso precisam ser enfrentadas com firmeza pelos vários atores escolares, permitindo, assim, que a educação possa ter ingerência sobre as violências.
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