Aspectos psíquicos de crianças que gaguejam
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Data
2019-07-15Primeiro coorientador
Drügg, Angela Maria Schneider
Primeiro membro da banca
Souza, Ana Paula Ramos de
Segundo membro da banca
Kruel, Cristina Saling
Terceiro membro da banca
Mota, Helena Bolli
Quarto membro da banca
Medeiros, Marcos Pippi de
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O estudo trata de um sintoma de linguagem, amplamente estudado e muito controverso: a gagueira na criança e sua relação com o discurso parental. Considerou-se que os traços comuns na relação das crianças com a linguagem, que são por sua vez, organizadores de seus sintomas, estão atrelados à particularidade da vivência do complexo de Édipo. Nesse sentido, o objetivo deste estudo foi analisar os aspectos psíquicos de crianças que gaguejam e como se refletem na interlocução com aqueles que desempenham as funções parentais. Empregou-se uma metodologia qualitativa, a partir da análise de conteúdo. Participaram da pesquisa 3 crianças, de ambos os sexos, na faixa etária de 2 anos a 8 anos, diagnosticadas com gagueira do Serviço de Atendimento Fonoaudiológico (SAF) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Também, foram participantes da pesquisa os pais destas crianças. Para a coleta de dados os instrumentos utilizados foram: uma entrevista semiestruturada com os pais; estórias infantis e fantoches com as crianças e para a interação da criança com seus pais, o brinquedo casinha. Os dados foram analisados, generalizados em categorias temáticas que compararam as questões psíquicas relacionadas à gagueira bem como a significação parental destinada tanto à criança quanto ao sintoma de linguagem. Os dados apontaram para a repetição de uma organização parental nestas crianças: o vínculo estabelecido entre mãe e criança foi marcado por uma mútua dependência. Tal dependência ocasionou uma dificuldade que causou impasses no processo de separação. Além disso, a função paterna que opera como condição para que a separação se efetive, também se encontrou problematizada, enfraquecida, tanto pelo discurso materno quanto pela passividade do discurso paterno. Diante de tal dinâmica familiar as crianças fizeram um sintoma de linguagem - a gagueira - na tentativa de buscar uma separação da demanda materna e uma convocação à função paterna. Verificou-se então, que a problemática se situa na entrada do pai que marca o segundo tempo do Édipo para Lacan. O que se observou que ocorreu com essas crianças com gagueira, foi a existência de uma fragilidade na função paterna em decorrência da não sustentação pelo discurso materno, pois, diante da tirania do desejo materno, este não intervém de forma eficaz como promoção de Lei, surgindo assim, o sintoma se manifestando em uma fala disfluente.
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