Finisterra e os modos de povoar uma paisagem: estratégias de configuração da perspectiva narrativa
Fecha
2020-02-27Primeiro membro da banca
Reis, Carlos António Alves dos
Segundo membro da banca
Angelini , Paulo Ricardo Kralik
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Mostrar el registro completo del ítemResumen
Nesta dissertação, propomo-nos a estudar a configuração da perspectiva narrativa de Finisterra. Paisagem e Povoamento (1978), de Carlos de Oliveira. No capítulo introdutório, propomos uma revisão da fortuna crítica em torno da obra. No segundo capítulo, à luz dos pressupostos da chamada narratologia pós-clássica, ou estudos narrativos, conforme a designação proposta por Carlos Reis (2016), procuramos apresentar os pontos em que reside a complexidade estrutural da perspectiva nesse romance. No terceiro capítulo, detemo-nos nas relações entre a perspectiva e a personagem, o tempo e o espaço. Ao tratar das relações entre perspectiva e personagem, analisamos os dispositivos de figuração e tentamos identificar modos de interação entre as diferentes perspectivas representadas. Defendemos que a qualidade (sensorial, afetiva, imaginativa) da percepção dos focalizadores desempenha importante papel na (des)figuração dos caracteres e que o modo de coordenação das diferentes visões do mundo projetadas pelas perspectivas individuais permite ao leitor inferir os sentidos ideológicos com os quais a obra se compromete. Ao tratar das relações entre perspectiva e tempo, enfocamos o processo de indiferenciação temporal operado em Finisterra, localizando o seu principal desencadeador na projeção dum “tempo da representação”, em que o tempo histórico e mesmo o tempo durativo, dependente da percepção dum eu, são enfraquecidos. Por fim, ao analisar a relação entre perspectiva e espaço, debruçamo-nos especialmente sobre a noção de paisagem. Propomos que todos os espaços representados funcionam como construtos da percepção das personagens, só podendo ser compreendidos em sua mútua articulação. O estudo permite constatar que o elaborado trabalho sobre a perspectiva narrativa exerce efeitos sobre a figuração das personagens, do tempo e do espaço, delineando grande parte do conteúdo semântico e dos vetores axiológicos da obra.
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