Comparação de características miofuncionais e eletromiográficas de crianças obesas e eutróficas
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Data
2013-08-26Primeiro coorientador
Haeffner, Leris Bonfanti
Primeiro membro da banca
Gomes, Erissandra
Segundo membro da banca
Correa, Eliane Castilhos Rodrigues
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A obesidade é uma doença crônica, complexa e de etiologia multifatorial que
determina várias complicações na infância e idade adulta. Dentre os distúrbios
nutricionais, a obesidade é a que gera maior número de problemas musculoesqueléticos,
inferindo a importância de estudos frente a esta população no contexto
do ganho de peso excessivo e de sua contribuição para uma alteração na postura e
nas funções do sistema estomatognático. Desta forma, este estudo teve como
objetivo avaliar e comparar as estruturas, funções e o padrão de atividade elétrica
muscular do sistema estomatognático (SE) de crianças obesas e eutróficas por meio
de avaliação miofuncional orofacial e eletromiografia de superfície. Foram avaliadas
32 crianças, entre 6 e 12 anos de idade, alunos de 1ª a 6ª série de uma escola
pública de ensino fundamental da cidade de Santa Maria-RS. As crianças foram
divididas em dois grupos, de acordo com o estado nutricional – 16 obesas e 16
eutróficas. As variáveis estudadas incluíram aleitamento natural, uso de mamadeira
(aleitamento artificial), estado nutricional e avaliação miofuncional orofacial, segundo
o protocolo MBGR, e a avaliação eletromiográfica, na qual avaliou-se a musculatura
mastigatória (músculo temporal anterior, masseter e orbicular da boca) durante as
atividades de repouso, contração voluntária máxima (CVM), mastigação (habitual e
direcionada) e deglutição. Para a análise estatística utilizou-se distribuição de
frequências, média, mediana, primeiro e terceiro quartis, Teste t-Student, Quiquadrado,
Exato de Fischer e Wilcoxon, considerando nível de significância de
p<0,05. Os resultados referentes à avaliação orofacial demonstraram que os obesos
receberam aleitamento natural por um tempo inferior e fizeram uso de mamadeira
por tempo máximo superior aos eutróficos, porém, sem diferença estatística. As
condições de mobilidade, aparência e postura das estruturas do sistema
estomatognático foram semelhantes entre os grupos. Alterações de tônus das
estruturas foram observadas em maior número no grupo de eutróficos. Em relação
às características de mastigação, observou-se que os obesos realizam número
maior de golpes mastigatórios e por um período de tempo superior aos eutróficos.
Não houve diferença de velocidade e lado de preferência mastigatória na
comparação entre os grupos. Quanto à avaliação eletromiográfica da musculatura
mastigatória, os obesos apresentaram simetria de ativação muscular em relação aos
eutróficos durante as atividades de CVM e repouso (isometria). Porém, para as atividades dinâmicas – deglutição, mastigação habitual e mastigação direcionada -
os obesos apresentaram medianas de ativação muscular inferiores aos eutróficos na
grande maioria das situações propostas, tanto no período de ativação (on) quanto no
período de inativação (off), com diferença estatística significante (p<0,05) para todos
os grupos musculares estudados. Com base nos resultados desta pesquisa, pôde-se
concluir que o estado nutricional parece exercer pouca influência sobre as
características do sistema estomatognático em crianças em idade escolar, mas sim
sobre suas funções. Estes achados ratificam a hipótese de que crianças obesas,
provavelmente em função do excesso de adiposidade facial, apresentam alterações
no condicionamento da musculatura mastigatória, que se refletem durante a
realização das funções do sistema estomatognático.
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