“O serviço que não aparece”: a divisão sexual do trabalho e as formas de agenciamento de mulheres camponesas em Jaguari-RS
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Date
2020-02-27Primeiro membro da banca
Marin, Joel Orlando Bevilaqua
Segundo membro da banca
Santos, Miriam de Oliveira
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Esta pesquisa visa, por meio da análise etnográfica, apresentar o cotidiano de mulheres camponesas da comunidade de Rincão dos Alves, interior do município de Jaguari, região central do Rio Grande do Sul e que fazem parte do coletivo “Grupo de Mulheres”. Jaguari foi alvo da imigração europeia entre os anos de 1888 a 1906, e isto faz com que parte da população que lá reside seja composta por descendentes de imigrantes. Os camponeses da comunidade de Rincão dos Alves são descendentes de imigrantes alemães, poloneses e italianos que na atualidade autodenominam-se como colonos, formando grupos étnicos que reivindicam para si origens étnicas diferenciadas. Em propriedades que possuem em média 25 hectares, a principal fonte de renda das famílias dessa comunidade, passou a ser, nos últimos 20 anos, a fumicultura. Esta dissertação visa apresentar a dinâmica de trabalho das mulheres, nesse meio, destacando a sua rotina e cotidiano. Por um lado, busca-se apresentar como se desenvolve o trabalho nas atividades ditas reprodutivas que abarcam o âmbito doméstico, as funções que envolvem o cuidado, assim como, as atividades que se dão no entorno do âmbito doméstico. Atividades estas que são consideradas de domínio e responsabilidade feminina. Por outro lado, busca-se destacar a participação ativa dessas camponesas junto às atividades produtivas, no caso da fumicultura, marcada pela penosidade do trabalho. Em ambas as esferas, o trabalho realizado pelas mulheres não possui o reconhecimento coletivo. No contexto genérico da agricultura familiar, todos os membros da família se dedicam ao âmbito produtivo. No entanto, devido à lógica patriarcalista que tende a privilegiar os homens, baseando-se na ideia do pai/patrão/proprietário, estes detêm a administração da propriedade, do trabalho em si, assim como dos ganhos que deles advém. Devido a essa lógica, às mulheres é reservada a posição de subalternidade que implica no não reconhecimento de suas funções, mas ainda, priva-lhes da administração dos bens ditos familiares, minando, desse modo, a sua autonomia. Assim sendo, tem-se como objetivo destacar as formas de agenciamento dessas camponesas, isto é, as formas de resistências que elas adotam em seu cotidiano, visando à obtenção de um ganho que seja de fato considerado delas. Para isto, observou-se que essas mulheres comercializam produtos como queijos, compotas, ovos, entre outros, que surgem das atividades que são consideradas de domínio feminino, mas tendem, aos poucos, transpor as delimitações dos papéis de gênero ainda fortemente estruturadas no mundo camponês.
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