Do barro que meu corpo é feito: como o método BPI atravessa outros processos de criação em dança?
Resumo
Este trabalho aborda o método Bailarino-Pesquisador-Intérprete (BPI) e sua influência na
busca de meu autoconhecimento, atravessando outros processos de criação em dança.
Através das ferramentas que oferece, o método me permitiu olhar para os elementos que
constituem meu corpo. Tais elementos geram uma forte ligação com o barro, que enraíza
toda minha ancestralidade indígena, até então desconhecida e negada por diversos fatores
e circunstâncias do meio em que eu vivo. O barro me fez entender e compreender melhor
aquilo que faz parte de mim. Como eu, Maria, me entendo como descendente italiana e
reconheço essas raízes indígenas? O trabalho vai em busca dessas vozes silenciadas que
perpassam todo o meu processo de criação para esta obra, e que, ao longo do tempo, com
a imagem de uma manada, dá forma a esse encontro entre diferentes trajetórias e
movimentos, tendo atravessamentos a serem compartilhados. No fluxo desses
movimentos, o processo se dá em conjunto: do barro aos galhos, dos galhos às folhas, das
folhas ao mover-se, do mover-se ao cair dos confetes, do cair dos confetes aos encontros,
a manada faz da dança sua pulsão de vida.