Conservação de crustáceos límnicos: efeito da temperatura e pesticidas no metabolismo oxidativo de Aegla longirostri, in situ e ex-situ
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Data
2021-08-31Primeiro membro da banca
Schuch, André Passaglia
Segundo membro da banca
Clasen, Barbara Estevao
Terceiro membro da banca
Menezes, Charlene Cavalheiro de
Quarto membro da banca
Peres, Luciane Ayres
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Os ecossistemas de água doce, especialmente riachos de baixa ordem, são constantemente ameaçados pelo avanço das atividades agrícolas, que acabam contaminando estes locais com pesticidas e degradando a vegetação em seu entorno, podendo causar efeitos deletérios nos organismos aquáticos. Nesses ecossistemas encontra-se crustáceos eglídeos, que são fragmentadores importantes e são sensíveis a perturbações ambientais. Desta maneira, o objetivo desta tese foi identificar e avaliar como pesticidas e variáveis abióticas afetam a sobrevivência, o comportamento e o estresse oxidativo no crustáceo límnico Aegla longirostri. No estudo apresentado no primeiro capítulo os animais foram expostos in situ em quatro riachos (local de referência, locais 1, 2 e 3). O local de referência é um riacho preservado sem interferência antropogênica, com ocorrência de eglídeos, enquanto os outros locais não exibem mais populações desses animais e são influenciados por atividades agrícolas. As exposições foram realizadas bimestralmente de novembro de 2017 a setembro de 2018 e teve duração de 96 horas. Foram medidos parâmetros abióticos e amostras de água foram coletadas durante todos os dias de exposição. Os parâmetros bioquímicos analisados foram a atividade da acetilcolinesterase (AChE) no músculo; atividade de glutationa S-transferase (GST), níveis de peroxidação lipídica (TBARS), conteúdo de proteína carbonilada (CP), níveis de tióis não proteicos (NPSH), capacidade antioxidante contra peróxidos (ACAP) e espécies reativas de oxigênio (ROS) em músculos, brânquias e hepatopâncreas. Encontramos 24 princípios ativos de pesticidas, sendo os mais frequentes Clomazone, Atrazina e Propoxur. A Bentazona foi o pesticida encontrado em maiores quantidades. Os parâmetros avaliados neste estudo, incluindo biomarcadores bioquímicos e fatores abióticos medidos na água, proporcionaram uma separação dos meses em função das condições ambientais. Houve diferença de atividade e níveis de biomarcadores ao longo do ano dentro do mesmo ponto e em alguns meses entre os pontos. A maior concentração ou variedade de pesticidas associada a dados abióticos extremos (temperaturas muito altas) foi capaz de gerar aumento do estresse oxidativo, com altos níveis de CP, TBARS e ROS em todos os tecidos, mesmo com níveis elevados de ACAP e NPSH. No capítulo 2 os animais foram expostos em condições de laboratório a 18 °C, 21 °C, 24 °C e 26 °C, durante 48 horas, buscando compreender se a temperatura sozinha afeta a taxa de sobrevivência, os biomarcadores bioquímicos e respostas comportamentais. Houve mudanças significativas nos parâmetros bioquímicos em diferentes tecidos e nos testes comportamentais em A. longirostri. O hepatopâncreas foi especialmente afetado pela elevação da temperatura, como demonstrado pelos altos níveis de CP. A atividade da AChE aumentou de forma dependente da temperatura no músculo. A atividade da GST diminuiu com a elevação da temperatura em todos os tecidos amostrados. Com esses dados, pretende-se alertar sobre os riscos da exposição a essas condições ambientais, tentando contribuir para a preservação da fauna límnica e principalmente dos crustáceos eglídeos, uma vez que a maioria das espécies está sob algum grau de ameaça. Os resultados obtidos neste estudo indicam que, ao avaliar a saúde de ecossistemas límnicos poluídos por meio do uso de organismos bioindicadores, deve-se considerar o efeito intrínseco de fatores abióticos, como a temperatura, sobre os biomarcadores.
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