Projeto terapêutico singular como dispositivo de cuidado em saúde mental na atenção básica: um estudo com profissionais de estratégia de saúde da família
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Data
2021-06-09Primeiro membro da banca
Beck, Carmem Lúcia Colomé
Segundo membro da banca
Guazina, Félix Miguel Nascimento
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A Atenção Básica é considerada ordenadora da Rede de Atenção à Saúde. Esta desenvolve suas
intervenções sobre a lógica do cuidado longitudinal. Além disso, trabalha sobre um delineamento
territorial e de abrangência populacional, o que facilita o acesso da população ao serviço de saúde,
bem como dos profissionais aos usuários já que esta se encontra inserida no território. Nessa
perspectiva, torna-se importante a inclusão de ações em Saúde Mental no contexto da Atenção Básica,
uma vez que, muitas são as demandas em Saúde Mental que atravessam o cotidiano deste serviço. A
partir disso, a pesquisa da qual se origina a presente dissertação teve como objetivo compreender a
percepção dos profissionais da equipe da Estratégia de Saúde da Família (ESF), a respeito do Projeto
Terapêutico Singular (PTS), no trabalho com as demandas de Saúde Mental. O PTS é considerado
estratégia de construção coletiva de propostas de intervenção entre os diferentes profissionais de
saúde, através do diálogo e pactuação das propostas em sintonia com as necessidades do usuário em
sofrimento psíquico e sua família. Para tal, foi realizada uma pesquisa de caráter qualitativo, sob a
perspectiva epistemológica da hermenêutica-dialética, com profissionais de saúde em duas ESF,
localizadas em uma cidade do interior do Rio Grande do Sul. Os participantes do estudo foram 17
profissionais integrantes das equipes das ESF. Como instrumento utilizou-se a entrevista
semiestruturada, sendo que estas foram gravadas em áudio e posteriormente transcritas. A análise das
informações foi realizada por meio da análise de conteúdo temática e todos os cuidados éticos
envolvendo pesquisa com seres humanos foram seguidos. Diante disso, os resultados da presente
pesquisa são apresentados e discutidos em dois artigos que compõem esta dissertação. No primeiro
artigo, constatou-se que o PTS encontra-se ainda distante da realidade das equipes e dos profissionais
que integraram o estudo. Entretanto, denotam-se algumas experiências que supõe uma prática alinhada
aos pressupostos do PTS, embora ainda subjacente. Em contrapartida, a Política Nacional de
Humanização (PNH) pareceu estar mais próxima do cotidiano das equipes, embora os profissionais
evidenciaram pouco entendimento dos pressupostos metodológicos desta política. Além disso, também
foram discutidas as diferentes “clínicas” desenvolvidas na produção do cuidado em saúde mental no
âmbito da ESF. No segundo artigo, procurou-se refletir sobre a pouca compreensão envolvendo os
aspectos conceituais no que diz respeito à saúde mental e o sentimento de despreparo técnico frente às
questões de saúde mental. Também se identificou a importância da rede assistencial na integração do
cuidado compartilhado, na medida em que as situações relatadas pelos profissionais evidenciaram
gravidade e complexidade. Entretanto, denotam-se alguns impasses que fragilizam o cuidado
compartilhado no território. Frente a isto, o papel do Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) se
mostrou relevante, bem como o cuidado em cooperação com a família dos usuários em sofrimento
psíquico. Por fim, destaca-se que ainda que não se tenha encontrado a realização do PTS como algo
consolidado na realidade das equipes, identificou-se que os profissionais atuam sob uma perspectiva
do “trabalho vivo”, disparando estratégias de atuação em saúde mental.
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