Fenótipos relacionados à dor em peixe-zebra: uma caracterização neurocomportamental utilizando o modelo de dor visceral induzida pelo ácido acético
Fecha
2021-08-26Primeiro membro da banca
Barreto, Rodrigo Egydio
Segundo membro da banca
Bonan, Carla Denise
Terceiro membro da banca
Rubin, Maribel Antonello
Quarto membro da banca
Silva, Anderson Manoel Herculano Oliveira da
Metadatos
Mostrar el registro completo del ítemResumen
O peixe-zebra (Danio rerio) é um pequeno teleósteo de água doce pertencente à família Cyprinidae, o qual vem sendo estudado em diferentes áreas científicas. Essa espécie apresenta genes evolutivamente conservados e um amplo repertório comportamental, os quais podem ser afetados por diversas modulações farmacológicas, tais como algógenos e substâncias analgésicas. Apesar de estudos recentes demonstraram que o peixe-zebra é um organismo modelo emergente para o estudo de processos relacionados à nocicepção, dados relacionados a fenótipos específicos que podem indicar dor localizada ainda carecem de informação. Portanto, a presente tese tem por objetivo caracterizar fenótipos comportamentais específicos na presença de algógenos com ênfase na validação de um novo modelo de dor visceral induzida pela administração intraperitoneal de ácido acético. No primeiro trabalho nós demonstramos que a injeção intraperitoneal de ácido acético (2,5 e 5,0%) promoveu uma resposta semelhante à contorção abdominal em roedores, que foi avaliada pela medição de um índice de curvatura abdominal. Além disso, todas as doses testadas (0,5–5,0%) reduziram a distância percorrida e a atividade vertical no teste do tanque novo. A duração do congelamento aumentou após 5,0% de ácido acético, enquanto os peixes injetados com 1,0, 2,5 e 5,0% aumentaram o tempo de permanência na área superior do tanque. Tanto a morfina (um analgésico opioide) quanto o diclofenaco (um anti-inflamatório não esteroidal, AINE) preveniram as mudanças induzidas pelo ácido acético (5,0%) no índice de curvatura corporal, enquanto a naloxona bloqueou os efeitos analgésicos da morfina. Embora a morfina atenue as respostas semelhantes à dor no peixe-zebra, não há dados mostrando se o antagonismo dos receptores opioides prolonga a duração da dor na ausência de um opioide exógeno. Portanto, em um segundo trabalho, nós investigamos se um antagonista opioide comum, naloxona, afeta a resposta semelhante a constrição abdominal. Os animais foram injetados intraperitonealmente com ácido acético (5,0%), naloxona (1,25 mg / kg; 2,5 mg / kg; 5,0 mg / kg) ou ácido acético com naloxona para investigar as mudanças na curvatura corporal por 1 h. O ácido acético provocou uma resposta semelhante a dor no peixe-zebra, conforme avaliado pelo índice de curvatura abdominal que dura aproximadamente 30 min, enquanto nenhum efeito foi observado após a injeção de PBS. Embora a naloxona sozinha não altere a frequência e a duração desse comportamento, ela prolonga de forma dependente de dose a resposta da curvatura abdominal induzida pelo ácido acético, sugerindo que opioides endógenos podem ter um papel chave na recuperação deste fenótipo específico no modelo de dor visceral aguda. Por fim, no terceiro trabalho, nós realizamos uma revisão sistemática sobre a importância dos modelos utilizando peixe-zebra para estudos relacionados à dor.
Mesmo com estruturas anatômicas distintas às dos mamíferos, ortólogos de genes envolvidos na nocicepção (ex: receptores opioides, receptores de potencial transitório, canais iônicos sensíveis ao ácido e receptores canabinoides) apresentam alto grau de similaridade genética. Em suma, esses dados corroboram o envolvimento de uma maquinaria celular evolutivamente conservada para respostas nociceptivas em peixe-zebra. De modo geral, os resultados obtidos nesta tese suportam uma nova estratégia para avaliar parâmetros comportamentais relacionados à dor no peixe-zebra com alto valor preditivo, de face e construto.
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