Trabalho e autonomia do enfermeiro em pronto-socorro adulto: uma abordagem ergológica
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Data
2019-02-08Primeiro membro da banca
Vargas, Mara Ambrosina de Oliveira
Segundo membro da banca
Silva, Rosângela Marion da
Terceiro membro da banca
Lima, Suzinara Beatriz Soares de
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Os prontos-socorros são considerados porta de entrada para o atendimento de pessoas em
situação de urgência e emergência, e apresentam como finalidade a recuperação e manutenção
da saúde do paciente. O enfermeiro atuante em pronto-socorro é um profissional-chave para a
oferta de uma assistência de qualidade, tendo em vista que os atendimentos são imprevisíveis
devido à gravidade e a complexidade dos casos. O presente estudo teve como objetivo
compreender como ocorre o exercício da autonomia no trabalho dos enfermeiros no prontosocorro
sob a ótica da ergologia. Caracteriza-se como estudo qualitativo, do tipo estudo de caso,
com estratégia de triangulação de dados. A investigação foi realizada em uma unidade de
pronto-socorro de um Hospital Universitário do sul do Brasil, no período de fevereiro a junho
de 2018. A população da pesquisa foram os enfermeiros deste cenário que atuavam diretamente
na assistência e os enfermeiros do Núcleo Interno de Regulação. Para a coleta de dados foram
utilizadas a observação sistemática não participante, a pesquisa documental e a entrevista
semiestruturada, sendo entrevistados 23 enfermeiros. A análise dos dados foi realizada por meio
da análise temática proposta por Minayo, ancorada no referencial teórico da ergologia. Os
resultados obtidos no presente estão organizados em cinco categorias. A primeira relaciona-se
a contextualização do pronto-socorro, a qual relata a complexidade, alto fluxo de atendimentos
e organização do trabalho dos profissionais. Na segunda categoria, destaca-se a relação do uso
de si no trabalho gerencial e assistencial do enfermeiro, especialmente na organização do
ambiente, na assistência das intercorrências e definição de prioridades de atendimento, bem
como na condução das atividades de cada turno de trabalho, comunicação e no trabalho com a
equipe. Na terceira categoria, observou-se o trabalho prescrito, representado pelos
procedimentos operacionais padrão, protocolos, normas e rotinas do pronto-socorro, assim
como o trabalho real caracterizado pela necessidade de alterações das normas existentes no
trabalho. Na quarta categoria, estão descritas as dramáticas do uso de si e as renormatizações
do trabalho na unidade de pronto-socorro, destacando-se as estratégias e ações usadas pelos
profissionais enfermeiros no seu trabalho, a agilidade e rapidez no atendimento de urgências e
emergências, a necessidade de conhecimento para tomar decisões, e as situações adversas
encontradas que resultam em alterações dos protocolos assistenciais conforme a necessidade da
situação clínica. Destaca-se, nesta categoria, que as dramáticas do uso de si e as
renormatizações são influenciadas pela falta de estrutura e alta demanda de atendimentos. A
quinta categoria aborda sobre a autonomia do profissional enfermeiro, a qual está atrelada a ter
conhecimento, habilidade e experiência, tomar decisões rápidas e ter responsabilidades.
Destacam-se como aspectos que facilitam o exercício da autonomia no trabalho: a boa
comunicação e relação com a equipe multiprofissional, o conhecimento, a experiência, a relação
com as chefias e com os técnicos de enfermagem. Dentre os aspectos que dificultam a
autonomia, cita-se: a não participação de decisões tomadas pelas chefias, excesso de burocracia,
déficit de recursos humanos e físicos, superlotação, déficit de conhecimento dos enfermeiros
em relação ao trabalho de urgência e emergência, relação com os médicos e com as chefias.
Conclui-se que o trabalho do enfermeiro é constituído a partir de dinâmica do pronto-socorro,
por vezes apresentando-se com limitação, resultante de contexto organizacional e alta demanda
de pacientes. Possui autonomia em seu trabalho, sendo reconhecido pelo desenvolvimento de suas atividades com agilidade e rapidez na tomada de decisões. O conhecimento, a experiência
e os valores de cada profissional, fortalecem sua autonomia.
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