Efeito do tucumã (Astrocaryum aculeatum) no metabolismo de nucleotídeos e nucleosídeo de adenina em plaquetas de ratos com hiperlipidemia induzida
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Data
2018-09-12Primeiro membro da banca
Bauermann, Liliane de Freitas
Segundo membro da banca
Prigol, Marina
Metadata
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O aumento dos níveis de lipídeos na corrente sanguínea, especialmente triglicerídeos e colesterol-LDL, caracteriza um distúrbio lipídico chamado hiperlipidemia e constitui um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares. A hiperlipidemia pode resultar em agressão ao endotélio vascular no qual as plaquetas, buscando manter a homeostasia, tornam-se hiperativas e promovem a liberação de uma série de fatores pró-aterogênicos. Dentre os mediadores liberados pelas plaquetas estão os nucleotídeos ATP, ADP, AMP e o nucleosídeo adenosina. Essas moléculas atuam como sinalizadoras de um complexo sistema envolvido na regulação e manutenção das respostas imunológicas, chamado sistema purinérgico. Esse sistema também é composto por ectoenzimas que possuem a função de regular os níveis extracelulares dos nucleotídeos e nucleosídeos de adenina. O tucumã (Astrocaryum aculeatum) é um fruto com alto potencial terapêutico pela sua composição rica em carotenoides, flavonoides, fibras e ácidos graxos poli-insaturados. Portanto, possui uma provável ação benéfica no metabolismo lipídico e na prevenção de doenças cardiovasculares. A indução de hiperlipidemia por Poloxamer-407 é um modelo bem estabelecido na literatura, que possui efeito sobre uma variedade de enzimas-chave no metabolismo lipídico, contribuindo para investigação de eventos patológicos e alternativas terapêuticas na hiperlipidemia. Sendo assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar a atividade de ectoenzimas do sistema purinérgico em plaquetas de ratos com hiperlipidemia induzida, tratados com tucumã. Para o desenvolvimento desse estudo, foram utilizados 56 ratos machos Wistar adultos. Os animais foram pré-tratados com veículo, extrato de tucumã (250mg/Kg), rutina (3,2mg/kg) e β-caroteno (6,5mg/kg), administrados uma vez ao dia, via gavagem, por 30 dias. Rutina e ß-caroteno foram utilizados como padrão comparativo. A hiperlipidemia foi induzida de forma aguda mediante injeção intraperitoneal de P-407 (500mg/kg dissolvido em solução estéril de NaCl a 0,9%). Os ratos foram anestesiados com isoflurano e submetidos à eutanásia 36h pós-indução. As plaquetas foram separadas para a determinação da atividade das ectoenzimas e o soro foi utilizado para avaliação dos parâmetros bioquímicos. Os resultados desse estudo demonstraram que a indução de hiperlipidemia causou um aumento na atividade da E-NTPDase e E-5'-NT e redução da atividade da E-ADA, possivelmente como um mecanismo para regular os níveis de ATP e ADP, importantes agonistas da agregação plaquetária, e elevar os níveis de adenosina, a qual possui propriedades antitrombóticas. O tratamento com extrato de tucumã preveniu o aumento da hidrólise de ADP, mantendo a atividade da E-NTPDase em níveis basais e diminuiu a atividade da E-ADA, possivelmente aumentando a disponibilidade de adenosina e demonstrando um efeito de proteção vascular e prevenção do dano endotelial causado pelo excesso de lipídeos na circulação. Entretanto, o tucumã não foi capaz de prevenir o aumento dos níveis de lipídeos e alterações bioquímicas causados pela indução da hiperlipidemia. Através da modulação das atividades das enzimas purinérgicas, o tucumã pode contribuir para a manutenção da homeostase vascular, diminuindo a agregação plaquetária e subsequente aterotrombose. Dessa forma, a utilização do tucumã pode beneficiar pacientes com hiperlipidemia e constitui uma alternativa promissora para redução do número de casos de doenças cardiovasculares.
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