Desenhando a pele, tecendo práticas: a construção de saberes no trabalho do tatuador
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Date
2020-03-02Primeiro membro da banca
Antonello, Claudia Simone
Segundo membro da banca
Estivalete, Vania de Fátima Barros
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Partindo do objetivo de compreender como e quais saberes se constituem na prática da tatuagem no cotidiano do trabalho, busca-se explorar a temática da aprendizagem organizacional sob a perspectiva dos Estudos Baseados em Prática (EBP). Neste sentido, a prática da tatuagem abre caminho para a investigação dos saberes no trabalho, sendo este reconhecido como o conhecimento produzido em meio ao cotidiano em que a prática é realizada, pela interação entre distintos saberes, artefatos e práticas. Amparando-se nas teorias de AO com orientação sociológica, à luz do knowing-in-practice1 (GHERARDI, 2006b, 2012a) e da teoria estética (STRATI, 1999a, 2007b), assume-se uma orientação relacional, entendendo que os aspectos subjetivos e o conhecimento sensível podem ser vinculados à ocupação das pessoas – neste caso, a prática da tatuagem. Para a operacionalização deste estudo foram adotadas técnicas etnográficas, mediante a realização de observação participante e entrevistas narrativas. Por fim, a análise dos dados foi realizada mediante a técnica de análise temática de narrativas. Evidenciou-se que práticas, saberes, artefatos e conhecimento sensível são coproduzidos durante as rotinas de trabalho, quer através comunicação de experiências sensíveis pelos praticantes, quer através da observação e da vivência em diferentes situações em que a prática é performada. Ao mapear a prática da tatuagem, evidenciaram-se cinco práticas predominantes na constituição dos saberes, sendo elas: i) desenho; ii) montagem da estação de trabalho; iii) decalque; iv) tatuagem; e v) desmontagem e descarte do material. Ao identificar como estas práticas estão ordenadas e conectadas em uma textura de práticas, o knowing-in-practice tem em sua essência a construção de um gosto enquanto a prática é performada, constituindo-se a partir de seis saberes: (i) criação e/ou reprodução do desenho; (ii) dos fazeres e dizeres relacionados a cada prática; (iii) manipulação dos artefatos; (iv) da técnica; (v) do movimento dos corpos; (vi) da ativação dos sentidos humanos. Além da diversidade de saberes articulados a uma série de práticas heterogêneas, os resultados da pesquisa sinalizaram a produção do juízo estético desenvolvido por meio das interações sociomateriais e do conhecimento sensível. Deste modo, os saberes imbricados à prática da tatuagem não podem ser transferidos de um indivíduo ao outro, uma vez que não se pode ensinar a sensibilidade dos fazeres e dizeres envolta no ato de quem prática a atividade, partindo de uma construção individual e única de cada praticante a partir de seu conhecimento sensível e de suas percepções mundanas.
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