Potencialização do acontecimento e racionalidade patêmica nos discursos sobre os refugiados sírios: a hipótese do ápice midiático
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Date
2020-04-03Primeiro membro da banca
Silveira, Rogério Leandro Lima da
Segundo membro da banca
Redin, Giuliana
Terceiro membro da banca
Schwaab, Reges Toni
Quarto membro da banca
Sanchotene, Carlos Renan Samuel
Metadata
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Esta pesquisa analisa as estratégias discursivas das construções de realidade nas abordagens midiáticas sobre o acontecimento do refúgio sírio. Especificamente, identificamos estratégias discursivas patêmicas, mapeamos as formações de redes observatórias autofortificadas que se constituem no sistema social, além disso, verificamos as relações dos acontecimentos midiáticos e suas questões de territorialidade e contribuímos para os estudos que trabalham as relações entre mídia e discursos emotivos. A seleção do corpus foi realizada dentro do critério de observação da regularidade discursiva, a partir de acontecimentos que marcaram a história recente dos refugiados sírios, que despertaram debate público, identificados nas notícias que envolviam crianças mortas ou feridas. Foram escolhidos quatro episódios comunicacionais (BRAGA, 2013): a) Aylan Kurdi; b) Zaid Abdul; c) Omran Daqeenesh; e d) Aya e Ahmed al-Yousef, publicados nos jornais digitais Folha.com, Euronews, Al Jazeera e The New York Times. A metodologia adotada foi a Análise de Discurso Emotivo, de Patrick Charaudeau (2007) e Análise Discursiva Textual (ADT), por meio do Software Iramuteq. Com o auxílio dessas ferramentas identificamos três principais categorias analíticas: “Qualificações”, “Compaixão” e “Experiência”. As análises revelaram que os refugiados são vistos de forma negativa, de um modo geral, sendo que suas adjetivações remetem à inferiorização do indivíduo, não somente nos quesitos da vulnerabilidade e da vitimização, mas também como invasor, fugitivo e ameaça. Além disso, verificamos a recorrência significava da intenção de sensibilizar os públicos com a construção discursiva da “Crise de Refugiados”. Destacamos a estratégia autorreferencial dos jornais em justificar o uso das imagens das crianças, mostrar os bastidores das notícias e, principalmente, personalizar o acontecimento, criando e sustentando discursivamente a designação de nomes para serem representantes de cada episódio, ícones e símbolos do macroacontecimento. Essa dinâmica a qual denominamos de episodialização é uma das molas propulsoras da lógica da hipótese do ápice midiático, pois, junto com todos os elementos da “racionalização patêmica”, configura-se como um processo comunicacional autofortificado por relações intrassistêmicas, por meio de autorreferencialidade, essencialmente encontrada na categoria “Experiência”, heterorreferencialidade, com recurso de reentrada (remissões) e referência a outros sistemas sociais, principalmente o político, o cultural e o religioso. Consideramos que esse conjunto de ações sociotecnodiscursivas são as estratégias mais eficientes para o alcance das notícias em larga escala e a reverberação mundial da temática do refugiado sírio.
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