Caderno de receitas para espantar tristezas: o saber-fazer da comida tradicional do sertão seco e do sertão molhado norte de Minas Gerais
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Data
2022-05-17Primeiro coorientador
Oliveira, Daniel Coelho de
Primeiro membro da banca
Garcia Junior, Afrânio Raul
Segundo membro da banca
Menasche, Renata
Terceiro membro da banca
Santos Junior, Renato Nogueira dos
Quarto membro da banca
Guimarães, Gisele Martins
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Esta tese teve o objetivo de analisar quais os aspectos que envolvem a produção da comida tradicional do sertão seco e do sertão molhado norte-mineiro e qual a relação que se estabelece entre a comida e o modo de vida das populações sertanejas. Buscou ainda, interpretar e analisar, especificamente, qual a influência das práticas e conhecimentos associados ao território das populações do sertão seco e sertão molhado na formulação do saber-fazer da comida tradicional; de que maneira sertanejas e sertanejos vivenciam o saber- fazer da comida tradicional no presente e qual a narrativa social da comida e a relação que esta constitui entre o sertão seco e o sertão molhado. Para se desenvolver essa pesquisa foi necessária uma metodologia capaz de envolver a complexidade e a subjetividade existente entre o saber-fazer e a comida, assim, lancei mão da triangulação de métodos qualitativos: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e idas a campo. As observações de campo ocorreram em feiras-livres, festas tradicionais e eventos acadêmicos que contavam com o protagonismo das populações estudadas e, também, nas comunidades visitadas. No total
54 pessoas participaram desta pesquisa, das quais 36 estão alocadas em 13 núcleos familiares. As observações obtidas em campo constituíram as categorias de análise desta pesquisa posto que apenas após as idas a campo é que foi possível transformar as categorias nativas em analíticas, dessa forma, a memória e o cotidiano guiaram as teorias aqui utilizadas, percorrendo teorias filosóficas ocidentais e ameríndias, antropologia da alimentação, literatura, fenomenologia e território. Esta pesquisa possibilitou compreender que o território é o lugar dos saberes dos povos sertanejos do sertão seco e do sertão molhado, nele se instaura uma comida autêntica, plural, que reverbera a história do seu povo. A comida tradicional nesta pesquisa é mediadora e constituidora da vida social, se forma no cotidiano, representa a força vital da tradição que se movimenta no tempo e espaço pelo afeto e pela sociabilidade, transportada entre as gerações por uma memória coletiva que se ancora nos artefatos do saber e, não existe, portanto, separada dos sujeitos. Tradição e comida imbuídos de gestos elementares e olhares atentos. Um saber-fazer nunca resumido, inventivo, que se dá pela métis, composto de inteligência, prática, astúcia e criatividade, cuja rotina do olhar molda a rotina do gesto. Tem na infância o centro depositário do saber. Uma infância atravessada pela temporalidade da espera e da paciência e, por isso, sujeita a uma tradição reinventada e mutável, em uma constante dialética do antigo e novo, mas, sempre reconhecida na ancestralidade.
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