Reposicionamento dos antidepressivos fluoxetina e paroxetina
Fecha
2022-08-23Primeiro membro da banca
Santos, Aline Joana R. Wohlmuth Alves dos
Segundo membro da banca
Motta, Amanda de Souza da
Terceiro membro da banca
Ramos, Daniela Fernandes
Quarto membro da banca
Murari, Anelise Levay
Metadatos
Mostrar el registro completo del ítemResumen
O aumento substancial das bactérias multidroga resistentes (MDR) tornam urgentes os esforços na descoberta por terapias antimicrobianas mais eficazes. O reposicionamento de medicamentos, definido como o processo de investigar novos usos para medicamentos, já foi aprovado clinicamente e tem oferecido uma série de vantagens diante da atual carência de inovações terapêuticas. Por ser uma técnica mais rápida, segura e econômica que o desenvolvimento convencional de substâncias ativas, o reposicionamento tem apresentado vantagens. Também, o sinergismo resultante da combinação de dois ou mais medicamentos pode melhorar a eficácia dos fármacos, reduzir a toxicidade e fornecer um espectro de atividade ampliado em comparação aos regimes monoterapêuticos. Assim, esse estudo apresenta fármacos candidatos ao redirecionamento em infecções bacterianas e frente à infecção ocasionada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). O presente estudo investigou a atividade biológica dos antidepressivos pertencentes à classe dos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) fluoxetina (FX) e paroxetina (PX). A análise da atividade antibacteriana foi realizada in vitro utilizando cepas bacterianas padrão American Type Culture Collection (ATCC) e isolados clínicos MDR, determinando-se a concentração inibitória mínima (CIM), concentração bactericida mínima (CBM), interação com o antibacteriano ceftriaxona (CTX) utilizando o método Checkerboard e determinação do índice de concentração inibitória fracionada (FICI). Foi observado que, frente a cinco cepas padrão ATCC e 72 isolados clínicos MDR coletados em 2019 e 2021 em um hospital universitário no Sul do Brasil, FX apresentou valores de CIM entre 4 e 256 µg/ml, enquanto PX variou de 1 a 256 µg/ml. Já CTX apresentou CIM ≥4096 µg/ml frente a maioria das cepas avaliadas. A associação de CTX com FX/PX utilizando o método Checkerboard fez com que CTX reduzisse a CIM em cerca de até 32 mil vezes. Valores de FICI < 0,5 frente a todas as cepas testadas ratificaram o sinergismo da associação dos medicamentos. FX e PX também foram capazes de promover a clivagem do DNA plasmidial fita dupla por meio de mecanismo hidrolítico nas três concentrações testadas, apresentando maior eficiência em pH 7,4 a 37 °C. Frente a SARS-CoV-2, diferentes estudos constataram que medicamentos antidepressivos pertencentes à classe dos ISRS foram capazes de diminuir o risco de intubação ou morte relacionada à Covid-19, reduzir a necessidade de cuidados médicos intensivos, além de inibir os títulos virais em até 99%. Isso faz com que, após estudos adicionais, o reposicionamento dessa classe de medicamentos possa ser uma alternativa promissora no tratamento de pacientes com Covid-19, especialmente FX e fluvoxamina. Também foi avaliado de modo sistemático a atividade antimicrobiana de diversos fármacos não-antibióticos pertencentes a diferentes classes farmacológicas, a fim de apresentar prováveis candidatos ao reposicionamento em doenças infecciosas, destacando-se fármacos antidepressivos, anti-hipertensivos, anti-inflamatórios, antineoplásicos, hipoglicemiantes, entre outos. Concluímos que o reposicionamento de fármacos é atualmente uma abordagem promissora frente a infecções bacterianas e no combate à Covid-19, e que os antidepressivos FX e PX demonstram ser alternativas promissoras que apresentam propriedades antibacterianas significativas.
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