Idéias para a reconstrução do programa de filosofia para crianças
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Data
2003-06-11Primeiro membro da banca
Hermann, Nadja
Segundo membro da banca
Rossatto, Noeli Dutra
Terceiro membro da banca
Tomazetti, Elisete Medianeira
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A presente dissertação visa a discutir a proposta de Filosofia para Crianças do professor norte-americano Matthew Lipman. O objetivo principal é o de repensar os ditames da racionalidade, a partir de uma visão filosófico-educacional, propondo um melhor acabamento formativo, segundo a interpretação da Teoria da Ação Comunicativa de Jürgen Habermas.
Primeiramente, discuto a proposta de Lipman, que busca, através de seu projeto, inserir a Filosofia nas escolas. O professor norte-americano propõe filosofar para as crianças, por meio da investigação, o que seria proporcionado por suas “novelas filosóficas”, através das quais as crianças iniciem o ato filosófico. A Filosofia na sua concepção, tem um caráter inter e transdisciplinar, porque pretende mudar o perfil da escola para uma educação para o pensar. Nesse sentido, procuro investigar a concepção de Filosofia do autor, numa tentativa de reconstruir seu projeto a partir das prerrogativas teóricas que estamos vivenciando.
No segundo capítulo, desenvolvo uma reflexão a partir da racionalidade moderna. Analisando nesse sentido, o projeto da modernidade caminhou em direção a um “esclarecimento” emancipador. A humanidade almejava, através do cultivo de suas capacidades racionais, encontrar um terreno sólido no qual poderia confiar, não mais dependendo das forças sobrenaturais e dos mitos. De acordo com a promessa racionalista, os homens seriam libertos das cadeias da ignorância e das superstições, na exaustiva pretensão de expulsar do mundo todos os sofrimentos e dores, podendo, dessa forma, dominar até mesmo a natureza, por conseguinte, fazendo do ser humano “sujeito” de sua própria história. Assim, posso afirmar que a “modernidade”, como tal, é caracterizada como a grande ruptura com as concepções antigas e medievais de mundo, para um reordenamento, segundo a concepção antropocêntrica. Essa visão busca valorizar extremamente o que é sensível, corpóreo, mensurável, aceitando somente como verdade aspectos que passam pelo crivo da razão. A modernidade buscou superar os mitos e toda forma de crendice religiosa; a ciência começa a
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tornar-se uma espécie de mito ou de deus. Nesse sentido, remeterei a discussão para a proposta dos teóricos da Escola de Frankfurt e seus posicionamentos críticos perante a racionalidade moderna.
A teoria de Habermas surge, no terceiro capítulo, como uma alternativa para rediscutir a Filosofia de um modo pragmático, propondo a reconstrução do projeto moderno, não desprezando a história da humanidade sob o jugo da razão, mas propondo um melhor acabamento formativo. A abordagem pretende oferecer elementos que possibilitem mediações interpretativas para o resgate da importância hermenêutica-pragmática da Filosofia nas escolas. A discussão tem como finalidade propor uma reflexão pedagógica que possibilite ao contexto escolar e cultural estabelecer uma relação sujeito-sujeito, em que sua função não seja a de reproduzir conhecimentos advindos de uma exploração do objeto unicamente. A problemática enfocada baseia-se no diagnóstico reflexivo da Teoria da Ação Comunicativa, de Jürgen Habermas, porque acredito que esta é uma perspectiva capaz de apontar criticamente algumas alternativas teóricas, desburocratizando o sistema e relacionando o “mundo sistêmico” com o “mundo da vida”.
A teoria de Habermas remete a um questionamento mais aprofundado, propondo a reconstrução do projeto lipmaniano, promovendo um discurso coletivo de compreensão e auto-compreensão, no qual a teoria e a prática possam interagir efetivamente. Assim, o quarto capítulo confrontarei as idéias a partir da posições filosóficas de Habermas e Lipman. Acredito que, dessa forma, a escola pode se caracterizar como um espaço privilegiado para a aprendizagem de posturas mais efetivas à construção de uma sociedade mais democrática, justa e emancipada.
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