A atuação do governo russo na guerra civil Síria: compreendendo as razões e os objetivos de Moscou
Resumo
Essa pesquisa pretende compreender as motivações e intenções da Federação Russa perante a
Guerra Civil Síria. Para entender, dessa forma, o que levou o governo de Vladimir Putin a
apoiar o político sírio Bashar al-Assad frente ao conflito desencadeado pela Primavera Árabe
em 2011, iniciou-se com um panorama histórico da formação estatal da República Árabe Síria
ao eclodir da guerra. São tratados, na sequência, os principais eventos do conflito
(subdivididos entre 2011-2015 e a partir da intervenção russa à atualidade), os atores locais e
agentes externos envolvidos, bem como seus interesses na hostilidade. O capítulo seguinte
debate os conceitos de “estratégia” e “grande estratégia” para analisar a política externa russa
do século XXI à luz dos Conceitos de Política Externa de 2000, 2008, 2013 e 2016, bem
como de discursos dos presidentes Putin e Medvedev, e determinar o lugar do Oriente Médio
e da Síria nos planos da Rússia. Por fim, a seção final trata das razões para o apoio a Damasco
partindo de três aspectos: o histórico de relações bilaterais profícuas, a conjuntura geopolítica
apresentada (sobretudo as intervenções ocidentais com foco em troca de regime e a rápida
expansão do Estado Islâmico no território) e a percepção de ameaça do tomador de decisões
central do governo. Com isso, concluiu-se (1) que a guerra em questão eclodiu catalisada pela
Primavera Árabe, mas é provida de um relevante contexto socioeconômico-político-sectário,
além de envolver muitos atores locais e externos auto-interessados que se utilizam do formato
de guerra por procuração; (2) existe uma grande estratégia branda da Federação Russa
enquanto conjunto de princípios e visões normativas sobre o Sistema Internacional, havendo
ajustes nas táticas, sobretudo, no que tange à atitude em relação ao Ocidente; (3) a parceria
bilateral anterior entre a Rússia e a Síria foi importante para a decisão de apoiar o regime
Assad, principalmente os atributos político-estratégicos, que se mesclaram à conjuntura
geopolítica apresentada e derivado medo do transbordamento do terrorismo e da intervenção
ocidental para mais perto da Rússia potencializou a deliberação arriscada (devido à percepção
de ameaça de Putin) de fazer da ação militar na Síria em 2015 a primeira do país póssoviético fora do seu espaço tradicional de influência.
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