Vacina experimental contra o vírus da diarréia viral bovina (BVDV): avaliação da inocuidade, eficácia e modelo para testes de proteção vacinal
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Date
2002-01-11Primeiro membro da banca
Kreutz, Luiz Carlos
Segundo membro da banca
Flores, Eduardo Furtado
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O presente estudo teve como objetivos avaliar duas amostras atenuadas do vírus da Diarréia Viral Bovina (BVDV) como possíveis candidatos a cepas vacinais e investigar os efeitos da inoculação de amostras brasileiras de BVDV tipo 2 (BVDV-2) em bezerros. No primeiro experimento, duas amostras do BVDV foram atenuadas através de múltiplas passagens em cultivo celular e radiação ultravioleta. As amostras foram testadas quanto à sua atenuação para bezerros e fetos ovinos, capacidade e espectro imunogênico, e capacidade de induzir proteção fetal em ovelhas prenhes. A inoculação intramuscular (IM) dos vírus modificados, em quatro bezerros, produziu apenas uma elevação discreta e passageira da temperatura corporal, seguida de produção de altos níveis de anticorpos neutralizantes. O vírus não foi detectado em secreções nasais ou no sangue nos dias seguintes à inoculação. Porém, a inoculação IM desses vírus em quatro ovelhas prenhes foi seguida de transmissão transplacentária e infecção em todos os fetos. Para os testes de proteção fetal, ovelhas prenhes previamente imunizadas com duas doses vacinais, foram inoculadas pela via intrasanal com amostras de BVDV-1 (SV-126.8, n=6) ou BVDV-2 (SV-260, n=5). No dia do desafio (134 dias após a segunda dose), todos os animais apresentavam títulos altos de anticorpos neutralizantes (256 a >4096) contra os vírus vacinais, além de títulos de magnitude variada (8 a >4096) contra vários isolados brasileiros de BVDV-1 e BVDV-2. Quinze dias após o desafio, as ovelhas foram sacrificadas e tecidos fetais foram examinados para a presença do vírus. Todos os fetos das ovelhas controle não-vacinadas (n=4) foram positivos para os vírus utilizados no desafio. Em contraste, nenhum feto das ovelhas imunizadas (n=11) foi positivo para vírus, indicando que a resposta imunológica induzida pela vacinação com os vírus modificados foi capaz de prevenir a infecção fetal. Em um segundo experimento, duas amostras brasileiras de BVDV-2 foram inoculadas em bezerros com o objetivo de verificar a virulência e estudar a patogenia da infecção. Previamente à inoculação, os animais foram imunodeprimidos com dexametasona. Quatro bezerros com idades entre 45 e 90 dias (grupo A) foram inoculados com a amostra SV-260 (n=2) ou LV-96 (n=2) e quatro bezerros com 6 a 8 meses de idade foram inoculados com a amostra SV-260 (grupo B). Após a inoculação, os bezerros do grupo A apresentaram anorexia, depressão, hipertermia, sinais de infecção respiratória e diarréia profusa acompanhada de melena em dois animais. Os sinais respiratórios e digestivos progrediram e os animais morreram ou foram sacrificados in extremis entre os dias 7 e 12 pós-inoculação. Os achados macroscópicos mais marcantes foram úlceras e erosões no trato digestivo (língua, n=4; esôfago, n=1; rúmen, n=1 e abomaso, n=3), edema pulmonar (n=4) e na mucosa do abomaso (n=3), equimoses e sufusões na serosa do baço (n=2), rúmen, intestino delgado e ceco (n=1), coração (n=1) e na mucosa da bexiga (n=1) e intussuscepção intestinal (n=1). Úlceras e erosões, acompanhadas de infiltrado mononuclear na mucosa e submucosa do trato digestivo e depleção linfóide nos linfonodos e placas de Peyer foram as alterações microscópicas observadas. O vírus foi detectado em vários tecidos e órgãos. Antígenos virais foram demonstrados por imuno-histoquímica principalmente em células epiteliais do trato digestivo; em células mononucleares nos espaços perivasculares e peribronquiais; na cápsula e septos de linfonodos; e em linfócitos e células mononucleares das placas de Peyer e baço. Os animais do grupo B apresentaram depressão, hipertermia, sinais moderados de infecção respiratória e digestiva, ulcerações na língua e bochecha e recuperaram-se após alguns dias. Esses resultados demonstraram que as amostras de BVDV-2 foram capazes de reproduzir a enfermidade aguda quando inoculadas em bezerros, e que as conseqüências clínico-patológicas da infecção foram mais severas nos animais mais jovens.
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