As palavras e a enunciação: a china, a machorra e a morocha no dicionário de regionalismos do Rio Grande do Sul
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Fecha
2022-07-18Primeiro membro da banca
Brum, Ceres Karam
Segundo membro da banca
Passamani, Guilherme Rodrigues
Terceiro membro da banca
Silveira, Verli Fátima Petri da
Quarto membro da banca
Bueno, Rejane Escoto
Metadatos
Mostrar el registro completo del ítemResumen
A presente tese tem como objeto de pesquisa o Dicionário de regionalismos do Rio Grande do Sul (1984), da autoria dos irmãos Zeno Cardoso Nunes e Rui Cardoso Nunes. Apoiados teoricamente na História das Ideias Linguísticas (HIL), consideramos esse dicionário como um instrumento linguístico de cunho regionalista no qual é possível observar práticas socioculturais da sociedade gaúcha. A HIL, enquanto campo de estudos, fornece-nos pressupostos teóricos por meio dos quais analisamos o modo como o Dicionário de regionalismos do Rio Grande do Sul e os verbetes registrados nesse dicionário se relacionam com a História, ou seja, como a língua significa a História. Apoiamo-nos também na perspectiva benvenistiana (BENVENISTE, [1966] 2005, [1966] 2006) e em Guimarães (2005, 2018), buscando analisar a posição de sujeitos enunciadores exercida pelos irmãos Nunes que, ao produzir o Dicionário de regionalismos do Rio Grande do Sul, enunciam e definem sujeitos mulheres. Do Dicionário de regionalismos do Rio Grande do Sul, recortamos os verbetes china, machorra e morocha a fim de analisar o modo como suas definições estão atravessadas pelo social, histórico, cultural, ideológico e político e com questões de gênero e de raça. Posteriormente, comparamos as definições de china, machorra e morocha com as definições desses mesmos verbetes extraídas de dicionários produzidos em épocas anteriores ao dicionário que nos serve de objeto de estudo. Constatamos que Zeno Cardoso Nunes e Rui Cardoso Nunes utilizam esses dicionários como fonte e pouco atualizam as definições de china, machorra e morocha, pois reescrituram o que já foi dito por meio do processo de reescrituração proposto por Guimarães (2005, 2018). A reescrituração, enquanto categoria analítica, permite que analisemos o modo como os verbetes selecionados, bem como suas definições estabelecem relações semânticas com outras palavras e/ou expressões, muitas vezes, repetindo o caráter depreciativo daquilo que é significado nas suas definições. Em suma, nossa tese objetiva estabelecer um diálogo entre a HIL, a História e os estudos de gênero e de raça, em um gesto de interpretação que coloca em discussão como a língua significa as condições sócio-históricas no que se refere às construções sociais do gênero feminino que constituem os sentidos de china, machorra e morocha. Dessa forma, o Dicionário de regionalismos do Rio Grande do Sul constitui-se em uma materialidade linguística na qual se pode investigar o modo como a língua é afetada pela História e pela sociedade, significando, assim, as relações entre língua, sujeito e História nos verbetes selecionados para esta pesquisa, bem como a relação entre a enunciação e as palavras.
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