O efeito de atividades eqüestres no padrão motor do andar de crianças
Resumo
O andar humano requer a interação e o amadurecimento de inúmeros sistemas
fisiológicos para dar seqüência aos eventos necessários a atingir sua eficiência. Dentro dessa
perspectiva, estudos recentes têm demonstrado que o movimento gerado pelo andar do cavalo
tem proporcionado inúmeros benefícios no equilíbrio e, por conseqüente, no andar de crianças
quando submetidas a essa atividade. Esses benefícios ocorrem porque o passo do cavalo
envia estímulos a quem está montado que se assemelham aos estímulos oriundos do andar
humano. Diante disso, o objetivo deste estudo foi verificar o efeito de atividades eqüestres
sobre o padrão motor do andar de crianças. O grupo de estudo foi composto por 8 crianças
com idade média de 4,5 anos. Todas apresentavam características do estágio elementar de
desenvolvimento do andar, classificadas por um check list através da matriz de análise de
movimento de Gallahue & Ozmun (2005). Os participantes foram distribuídos em dois grupos,
controle (G1) e experimental (G2). A verificação cinemática do andar foi realizada através do
sistema de análise do movimento Peak Motus™, utilizando a captação de medidas de tempo e
espaço calculadas por informações fornecidas por eventos durante um ciclo do andar. As
filmagens foram realizadas no plano sagital e frontal de maneira bidimensional com a taxa de
aquisição das imagens de 60 Hz. A velocidade média do andar foi controlada, sendo realizada
pelas crianças em 4 km/h. Após a primeira aquisição de dados (pré-teste), o G2 participou de
12 sessões de atividades eqüestres, com duração de 30 minutos, realizadas duas vezes por
semana. Durante o experimento foram controladas outras atividades que pudessem intervir nos
resultados em ambos os grupos. Depois desse período de experimento foi realizada nova
testagem (pós-teste). Como tratamento estatístico, aplicou-se o Teste de Shapiro-Wilk para
verificar a normalidade dos dados. Os resultados comprovaram uma distribuição não normal,
tendo sido então aplicado o Teste de Wilcoxon para verificar se haviam diferenças entre os
hemicorpos direito e esquerdo. Os resultados não apresentaram diferenças significativas entre
os hemicorpos, utilizando-se então as médias dos mesmos para a análise. Para a verificação
de diferenças entre o pré e o pós-teste foi utilizado o teste de Wilcoxon e para as diferenças
entre grupos o teste de Kruskal-Wallis. O nível de confiança utilizado neste estudo foi de 95%.
As variáveis angulares demonstraram alterações significativas para ambos os grupos, porém
foram mais expressivas qualitativamente no G2. Nas variáveis espaço-temporais, somente
houve alterações significativas no comprimento da passada e comprimento do passo para o
G2. Na variável afastamento dos pés observaram-se alterações significativas em apenas
alguns sujeitos. Conclui-se que as atividades eqüestres proporcionadas foram capazes de desencadear alterações no padrão do andar em crianças em estágio elementar de
desenvolvimento, sendo que dentre as variáveis angulares os resultados foram mais
expressivos na articulação do tornozelo e entre as espaço-temporais, no comprimento do
passo e da passada.
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