Sobre a relação entre ética e natureza em Heráclito
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Data
2022-08-19Autor
Nascimento, Márcio José Orofino do
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Mostrar registro completoResumo
Sem a pretensão de inovar o muito do que já se escreveu sobre Heráclito, buscamos, nesse
texto, trazer uma compreensão de qual seria a relação entre a ética e a Natureza (physis) nesse
obscuro filósofo. O filósofo do logos, como procuramos destacar de início, revelou uma
preocupação com o ordenamento social não apenas através de suas máximas, como também
em alguns dos relatos sobre sua vida que nos chegaram. Em seguida (a partir da leitura de
Charles Kahn), localizamos o filósofo do fogo entre duas visões de seu tempo (século VI a.
C.), uma popular (mítica, diríamos também), da qual participa, na medida em que se refere a
uma lei natural (divina), fonte de inspiração das leis humanas, que são pálidos reflexos
daquela, e uma científica, da qual também se fez precursor, por exemplo, com as teorias da
unidade dos opostos e do fluxo permanente. Na sequência, justificamos o entendimento
segundo o qual Heráclito não pode ser considerado um relativista moral (a partir da ação do
logos como critério de verdade e, por isso mesmo, como legitimador da possibilidade de
conhecimento). Em seguida, apresentamos uma interpretação (com base na leitura de
Cruchaga) de DK. 45 em articulação com DK.115 (que falam do logos da alma humana) que,
em conjunto, responderiam pela condição ética do logos psíquico (como sugere Juliana
Gonzáles em seu artigo). Ao final, munidos da exposição feita, procuramos explicar a relação
posta no título desse artigo, isto é, a relação entre ética e natureza (physis) em Heráclito,
indicando, ainda, uma implicação ética observada no material remanescente desse filósofo: a
autonomia do agente moral na construção solitária de uma ética solidária.
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