O problema da “sensificação” das ideias e a doutrina kantiana da “beleza como símbolo da moralidade”
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Data
2020-09-14Primeiro membro da banca
Cecchinato, Giorgia
Segundo membro da banca
Silva, Mitieli Seixas da
Terceiro membro da banca
Dejeanne, Solange de Moraes
Quarto membro da banca
Euler, Werner Ludwig
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Com sua Crítica do Juízo pretendeu Kant estabelecer uma ligação entre as duas faculdades-doânimo
abordadas nas duas primeiras Críticas – i.e., o Entendimento, relativo ao sensivelmente
cognoscível, e a Razão, respeitante ao domínio do inteligível, da liberdade – completando, desse
modo, o assim chamado sistema crítico da Razão. Mas estabelecer esta ponte sobre o “abismo
intransponível entre o domínio do conceito da natureza [...] e o do conceito de liberdade” [KU,
AA 05: 175] não se mostra tão fácil como, à primeira vista, pode parecer: é porque cada uma
destas faculdades possui uma fundamentação própria que não nos é legítimo estabelecer uma
ligação direta entre o sensível e o inteligível. Assim, mesmo quando Kant postula a “beleza
como símbolo da moralidade” [KU, AA 05: 35], e quando coloca o desenvolvimento de ideias
morais como propedêutica para a fundação do gosto [cf. KU, AA 05: 356] não se pode – à
diferença de muitos interpretes e comentadores – vincular Ética e Estética senão em um nível
transcendental. Contudo, problemático é o fato de que se, por um lado, esta é justamente uma
das tarefas a que se propõe a terceira Crítica – i.e., fechar a arquitetura do sistema críticotranscendental
da Razão através de uma nova faculdade transcendental a priori legislante (o
Juízo), colocada ao lado das demais faculdades-de-conhecimento autônomas que contém
princípios a priori –; por outro lado, é precisamente esta fundamentação a priori do juízo-degosto
– tema tão caro à argumentação kantiana e o que possibilita estabelecer, enfim, a
pretendida ponte entre sensível e suprassensível, i.e., entre natureza e liberdade (e isso sem
romper com a argumentação transcendental) – o que parece negligenciado por aqueles poucos
que se propuseram a investigar o problema kantiano da “sensificação” das ideias. Na
investigação aqui proposta pretendo mostrar como a fundamentação da aprioridade dos juízosde-
gosto pode ser essencial para pensar, legitimamente, o belo numa perspectiva moral
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