Efeito analgésico da melatonina em um modelo animal da síndrome de dor complexa regional tipo I
Fecha
2013-02-18Primeiro membro da banca
Mello, Carlos Fernando de
Segundo membro da banca
Nascimento, Francisney Pinto do
Terceiro membro da banca
Furian, Ana Flávia
Metadatos
Mostrar el registro completo del ítemResumen
A síndrome de dor complexa regional tipo I (SDCR-I) é uma patologia que atinge membros superiores ou inferiores de forma distal, levando a sintomas como dor crônica, edema, alterações tróficas e comprometimento motor. Esta síndrome geralmente tem início após lesões como fraturas e torções. A patofisiologia da SDCR-I ainda não é completamente entendida, porém, sugere-se que uma redução no aporte de oxigênio devido a alterações microvasculares esteja relacionada a manutenção da síndrome. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a atividade antinociceptiva da melatonina, uma indolamina endógena liberada principalmente pela glândula pineal, na hipersensibilidade mecânica e térmica (ao frio) presente no modelo de dor crônica pós-isquemia (DCPI) em camundongos, o qual mimetiza os sinais e sintomas da SDCR-I em humanos, bem como a participação dos receptores MT1/MT2 e do estresse oxidativo neste efeito. A indução da DCPI em camundongos Suíços machos foi feita através do posicionamento de um torniquete próximo ao tornozelo dos animais, o qual foi mantido por 3 horas, seguido da remoção para permitir a reperfusão dos tecidos. A hipersensibilidade mecânica (através do filamento de Von Frey, 0,4 g) e térmica (placa fria, 4º C) e o edema da pata foram avaliados no segundo e no sétimo dia após a reperfusão. Além disto, foi analisada a atividade das enzimas catalase (CAT), glutationa redutase (GR) e glutationa peroxidase (GPx) e a imunorreatividade ao aduto malondialdeído-preteína (MDA) 2 h, 2 e 7 dias após a reperfusão, sendo que os tecidos foram coletados 30 min após o tratamento com melatonina (100 mg/kg, i.p.). O efeito da melatonina (10 – 100 mg/kg, i.p., ou 10 – 100 ng/pata, i.pl.) também foi avaliada frente à nocicepção espontânea evocada por agonistas de TRPV1 (capsaicina 30,5 ng/pata), TRPA1 (cinamaldeído 1,32 μg/pata), TRPM8 (mentol 187,5 μg/pata) e ASICs (salina acidificada, pH 1,98). A melatonina (10-100 mg/kg, i.p.) reduziu de forma dependente da dose a hipersensibilidade mecânica no segundo e no sétimo dia após a reperfusão, sendo que na dose de 100 mg/kg seu efeito persistiu por até 2 horas após a administração. Além disto, a melatonina (100 mg/kg, i.p.) também reduziu a hipersensibilidade térmica (ao frio) no segundo e no sétimo dia após a reperfusão. Contudo, o efeito da melatonina (100 mg/kg, i.p.) na hipersensibilidade mecânica e térmica (placa fria) não foi alterada pela administração prévia de luzindol
(10 mg/kg, i.p., antagonista não-seletivo de receptores MT1/MT2). O tratamento com melatonina (100 mg/kg, i.p.) também reverteu o edema gerado pela indução de DCPI. A atividade da enzima GR se apresentou reduzida 2 h após a reperfusão, e o tratamento com melatonina não alterou esse parâmetro. A atividade das enzimas GR e GPx, e CAT e GPx, se apresentou aumentada no segundo e no sétimo dia, respectivamente, sendo que o tratamento com melatonina reverteu este aumento. A administração sistêmica de melatonina (via i.p.) foi capaz de inibir a nocicepção evocada pela capsaicina, cinamaldeído, mentol e salina acidificada, com inibição de 63 + 16%, 41 + 13%, 62 + 10% e 47 + 12%, respectivamente. Além disto, a administração periférica da melatonina (via i.pl.) inibiu somente a resposta evocada pela capsaicina (49 + 6%) e cinamaldeído (60 + 6%). Em conclusão este estudo estendeu os dados da literatura demonstrando que a melatonina foi capaz de reduzir a hipersensibilidade mecânica e térmica (ao frio) e o edema provocados pela indução do modelo de DCPI em camundongos. O seu mecanismo de ação não está completamente elucidado, contudo, o efeito da melatonina provavelmente depende da sua ação antioxidante através da modulação do estado redox da célula e por consequência da atividade das enzimas antioxidantes, podendo também estar atuando através da inibição da transmissão nociceptiva por inibir a ativação de nociceptores periféricos, em especial dos TRPV1 e TRPA1.
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