O estudo do uso do tempo de idosos institucionalizados
Abstract
O modo como os idosos usam o tempo pode indicar várias características do seu
estilo de vida, inclusive competências físicas e bem-estar psicológico. Sendo assim, este
estudo de caráter descritivo-exploratório buscou acessar os “intramuros” dos asilos e
descrever como os idosos investem seu tempo diário em função da rotina do ambiente
institucional. Para tanto, foram selecionadas as três Instituições de Longa Permanência para
Idosos, de caráter filantrópico, da cidade de Santa Maria-RS, as quais abrangem uma
população de 286 indivíduos. Realizou-se entrevistas abertas com funcionários da ILPI
juntamente com a observação participante do pesquisador, sendo o material coletado
submetido ao método da análise temática. Verificou-se que a maior parte do tempo está
associada a atividades de tempo livre, principalmente de lazer passivo com pouco
envolvimento em atividades físicas e intelectuais. Ainda, as atividades de cuidados pessoais
como alimentação, higiene e administração de medicamentos regem os horários da ILPI e os
idosos parecem viver num tempo de espera para essas atividades. Com maior frequência os
idosos utilizam os espaços do pátio e do próprio quarto, nos quais permanecem grande parte
do dia sozinhos, sendo que a proximidade física com outros idosos não, necessariamente,
significa interação. Também, percebeu-se que o uso do tempo está sob o controle da ILPI,
além de que o nível cognitivo, capacidade funcional e doenças mentais influenciam no uso do
tempo que apresenta características próprias da velhice. Sendo assim, foi possível conhecer o
cotidiano dos idosos institucionalizados e entender que o uso do tempo está associado ao contexto e as características pessoais em constante interação.