A regulação do sexo e gênero na era digital: uma contribuição da bibliografia brasileira a respeito de aplicativos de relacionamento
Abstract
O objetivo deste artigo é realizar uma revisão bibliográfica sobre aplicativos de
relacionamento, para isso, considera-se a centralidade do trabalho da Eva Illouz, que investiga
as relações afetivas cruzando temas como amor, capitalismo e tecnologias móveis. Em
conjunto será analisada a bibliografia brasileira dedicada ao tema, foram selecionadas as obras
de Richard Miskolci (2017), Larissa Pelúcio (2017) e Lígia Baruch de Figueiredo (2016) para
analisar de maneira comparativa as transformações sociais no campo afetivo. As obras
selecionadas se destacam pela afinidade com o tema e por estabelecerem um diálogo entre si,
utilizando discussões sobre o digital já consolidadas no campo. Os avanços tecnológicos e o
surgimento da internet impactaram a construção das relações afetivas, Illouz (2011) afirma
que a partir da década de oitenta se passou a produzir uma linguagem especializada para as
relações afetivas que foi incorporada dentro de segmentos comerciais como livros de
autoajuda, programas destinados a resolver problemas amorosos, revistas que ensinavam
dicas para construir relações afetivas entre outros. O surgimento desse nicho de produtos
tornou o investimento nesse setor extremamente lucrativo com o passar dos anos, a autora
percebe a afetividade como um campo de disputas entre segmentos comerciais, acadêmicos,
vinculados à saúde, a farmacologia e a pornografia. Com a ascensão de sites e aplicativos de
relacionamento, as relações afetivas se alteraram e passaram a incorporar uma ótica de
mercado, resultando no que Illouz (2011) denomina de capitalismo afetivo. A nova economia
do desejo é um conceito desenvolvido por Richard Miskolci (2014) que expõe as mudanças
na construção das relações onde o sexo, afeto e o amor estão relacionados as transformações
sóciotecnicas que estabelecem uma nova geografia para os encontros afetivos e sexuais,
marcada pelo sexo anônimo e sem compromisso. Ao analisar a construção das relações
afetivas se sobressai aspectos que definem a busca sexual, sendo possível visualizar a
construção de um capital sexual dominante, onde os usuários que estão mais próximos desse
ideal são mais desejados dentro desse segmento, em contrapartida, os sujeitos que se
distanciam desse modelo enfrentam uma escassez e frustração na constituição das relações
online o que expõe como o mercado dos afetos é desigual.
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