Reconstrução histórica da fauna marinha e da paisagem recifal brasileira
Fecha
2022-09-27Primeiro membro da banca
Ferreira, Carlos Eduardo Leite
Segundo membro da banca
Rocha, Carlos Frederico Duarte da
Terceiro membro da banca
Weber, Marcelo de Moraes
Quarto membro da banca
Colonese, André Carlo
Metadatos
Mostrar el registro completo del ítemResumen
Os impactos antrópicos têm alterado profundamente os ecossistemas marinhos há milhares de
anos. Esta influência milenar dificulta nosso entendimento sobre o estado passado destes
ambientes, e impossibilita a formação de um panorama mais completo sobre os padrões de
diversidade observados nos oceanos do presente. Registros históricos contidos em cartas
náuticas, relatos de naturalistas, pinturas, fotografias e conhecimento dos pescadores têm
fornecido informações para quantificar as mudanças ecológicas nos oceanos a longo prazo.
Esta tese teve como objetivo primordial reconstruir o estado da fauna marinha e da paisagem
recifal em diferentes escalas espaciais e temporais, e discorre ao longo de quatro capítulos,
cujos objetivos específicos foram: (i) investigar mudanças nas espécies-alvo através de
entrevistas com pescadores artesanais em Arraial do Cabo, Rio de Janeiro; (ii) estimar
mudanças na extensão espacial dos recifes do Banco de Abrolhos, Bahia; (iii) identificar
mudanças na riqueza, distribuição e estrutura funcional de assembleias de corais ao longo da
Província Brasileira; (iv) estimar mudanças históricas nos padrões de distribuição, abundância
e tamanho de indivíduos de espécies de vertebrados marinhos da costa brasileira. No primeiro
capítulo, entrevistas com pescadores em Arraial do Cabo revelaram variações na percepção
associada ao estado de exploração dos recursos pesqueiros ao longo do tempo. A análise
temporal dos dados de desembarques locais demonstrou um declínio de 72% nas capturas de
meso-predadores. A sobrepesca de meso-predadores levou à substituição de espécies-alvo:
peixes que anteriormente eram descartados passaram a ser alvo da pesca. No segundo capítulo,
registros de naturalistas e comparações entre uma carta náutica de 160 anos com imagens de
satélites indicaram declínios de 19% a 49% na extensão espacial de recifes do Banco de
Abrolhos. A perda de área recifal reflete o acúmulo de impactos como a extração de coral para
fabricação de cal e a sedimentação costeira que ocorreram na região nos últimos 200 anos. No
terceiro capítulo, a análise de relatos de naturalistas identificou um aumento no número de
registros de corais desde meados de 1800 ao longo da Província Brasileira. Não obstante,
declínios na divergência funcional de assembleias de corais no Banco dos Abrolhos estão
ligados a redução na abundância de dois importantes corais construtores, Millepora alcicornis
e Mussismilia braziliensis. No quarto capítulo, reconstruímos 500 anos de exploração da fauna
de vertebrados marinhos por meio da análise de relatos de naturalistas, pinturas, gravuras e
relatórios de pesca. Relatos históricos contrastados com dados de desembarques revelaram
declínios nas capturas de baleias, peixes-boi e garoupas desde o século XVII na costa brasileira.
Além disso, informações históricas sugerem que espécies-alvo tinham em média tamanhos
corporais maiores em comparação com os registros atuais de tamanhos do corpo, como
detectado para o peixe-boi (Trichechus sp.) e os peixes Megalops atlanticus e Rachycentron
canadum. A história reconstruída nesta tese consiste no primeiro esforço formal para definir
um referencial (‘baseline’) do estado passado e presente dos recursos marinhos explorados na
costa brasileira. O resgate da história da fauna marinha fornece uma base mais sólida para
iniciativas visando a conservação e a restauração de ecossistemas recifais brasileiros.
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