O testemunho de urgência nas coberturas de tragédia: funções autorizadas pelo telejornalismo
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Data
2022-11-09Primeiro membro da banca
Emerim, Cárlida
Segundo membro da banca
Lage, Leandro Rodrigues
Terceiro membro da banca
Bruck, Mozahir Salomão
Quarto membro da banca
Schwaab, Reges Toni
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Nesta tese busca-se compreender o que a convocação e os usos do testemunho na urgência
revelam sobre as especificidades da cobertura de tragédias em telejornalismo, a partir de três
acontecimentos: o incêndio da boate Kiss, o rompimento da barragem de rejeitos de minério
da Samarco e o acidente aéreo com a delegação da Associação Chapecoense de Futebol.
Além do caráter trágico e da repercussão midiática que tiveram no país e no mundo, os casos
também podem ser unidos pelo grande poder de afetação. As tragédias têm condições de
produção muito específicas, em que a desestruturação provocada pelo acontecimento e o
caráter de urgência das coberturas tensionam as práticas jornalísticas. O objetivo geral de
pesquisa é analisar como o jornalismo aciona os testemunhos nas primeiras 24 horas de
cobertura de tragédias, relacionando-as com as especificidades da cobertura televisiva em
casos extremos. No referencial teórico, aborda-se a contribuição de diferentes áreas sobre o
conceito de testemunho; o testemunho no jornalismo a partir da relação com as provas de
verdade e os afetos (CASADEI, 2014; LAGE, 2016; PERES, 2017); e no telejornalismo, a
partir do lugar da experiência e dos padrões recorrentes (GUTMANN, 2014; GADRET,
2016). Por fim, aborda-se os modos de narrar nas coberturas de tragédias (QUÉRÉ, 2005;
LOZANO ASCENCIO; AMARAL, 2016) a partir das discussões sobre denominações e as
características do trabalho jornalístico nos momentos de urgência (OSÓRIO, 2018).
Desenvolve-se três níveis de análise a partir da sistematização de França (2005) sobre a
individualização do acontecimento: 1) descrição do acontecimento e da cobertura; 2)
narrativização do acontecimento (identificação dos agentes, graus de proximidade e
denominações, funções dos testemunhos) e 3) desenvolvimento de uma tipologia de funções
do testemunho a partir das distinções e regularidades entre os casos.
O corpora é constituído pelas primeiras 24 horas das coberturas realizadas pela Rede Globo
de Televisão, num total de 111 testemunhos sendo 41 no caso Kiss, 13 no caso Samarco e 56
no caso Chapecoense. A tese conclui que os testemunhos desempenharam quatro funções na
narrativa (conferir credibilidade à testemunha, caracterizar o acontecimento, caracterizar a
vítima e expressar o impacto emocional), desdobradas em 18 subfunções. Também apontou
que quanto maior a desorganização das rotinas e as deficiências de apuração, maior é o
protagonismo concedido ao testemunho. Isto é, o jornalismo convoca os testemunhos e
permite que eles excedam as funções usuais, apenas quando precisa dar conta de suas
limitações, sustentar a cobertura ao vivo ou lidar com as condições de produção adversas
propiciadas pelas especificidades do acontecimento
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