A performance de apresentadores e repórteres na cobertura da morte de profissionais da imprensa na tragédia da Chapecoense
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Data
2020-04-06Primeiro membro da banca
Gadret, Débora Thayane de Oliveira Lapa
Segundo membro da banca
Storch, Laura Strelow
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Essa dissertação analisa como a performance dos jornalistas que trabalharam durante a cobertura da tragédia da Chapecoense foi afetada. O voo 2933 da empresa LaMia, da Bolívia, levava o time da Chapecoense, dirigentes, convidados e profissionais da imprensa para a primeira partida da final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional que seria realizada no dia seguinte, na Colômbia. O acidente ocorreu próximo ao aeroporto de Medellín, na Colômbia, no dia 29 de novembro de 2016, quando a aeronave ficou sem combustível para terminar o trajeto e caiu em uma região montanhosa, matando 71 pessoas, dentre elas, 19 jogadores de futebol e 20 profissionais da imprensa. Sobreviveram seis pessoas, um era jornalista. Considera-se, a partir da perspectiva de Quéré (2005), que a queda da aeronave foi um acontecimento de grande poder de afetação entre apresentadores e repórteres. Baseia-se em Goffman (2002) para explicar como se dá o jogo das representações na vida social e em Zumthor (2007), especialmente no conceito de performance. Com base nesses pressupostos, busca-se discutir o conceito de acontecimento e relacionar com a cobertura jornalística de tragédias; refletir sobre a cobertura de tragédias no telejornalismo, especialmente sobre a abordagem da morte e das vítimas; discutir as rotinas do telejornalismo e o papel dos sujeitos nos telejornais nestes momentos e relacionar a performance dos sujeitos no telejornalismo na cobertura do acontecimento em questão. Para isso, analisam-se os programas dos dias 29, 30 de novembro e 1º de dezembro de 2016 dos telejornais Hora Um da Notícia, Jornal Hoje e Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão, através de categorias de análises próprias inspiradas, além dos autores acima citados, em Lima (2010), Gadret (2016), Fechine (2008) e Gutmann (2014). São elas: proposição de comentários ou juízos, presentificação e expressão facial, postura, movimento corporal e fala. Verificou-se que, nos primeiros instantes da notícia, predominou a performance da expectativa das mortes, depois, passou-se para a incredulidade que tomou conta dos telejornais no primeiro dia da cobertura, além da indignação, comoção, tristeza e homenagens às vítimas. No segundo dia, predominou a expectativa pelo estado de saúde dos sobreviventes, a comoção e o luto coletivo. Já no terceiro, o destaque foi para a divulgação oficial do motivo do acidente, a indignação, o jornalismo investigativo e a performance de demonstração das emoções sentidas pelo próprio jornalista. Levando-se em consideração a emoção como parte intrínseca do jornalismo, conclui-se que os profissionais não conseguem manter a distância quando são afetados diretamente por um acontecimento que envolve a morte de pessoas próximas, comprovando que o jornalista é um ser implicado no mundo sobre o qual informa e, portanto, não há como informar sem desprezar as emoções, seja qual for a notícia.
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