As eremitas da beleza: recortes etnográficos sobre estética facial contemporânea em Santa Maria – RS
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Data
2023-07-10Primeiro membro da banca
Brum, Ceres Karam
Segundo membro da banca
Cunha, Jorge Luiz da
Terceiro membro da banca
Luna, Naara Lúcia de Albuquerque
Quarto membro da banca
Reinheimer, Patricia
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Cara, fronte, face, faceta, semblante, feições, aparência, fisionomia: todos sinônimos do
rosto. É por ele que começa a preocupação, as buscas, o imaginário e a experiência sobre
beleza e uma jornada por harmonia da face, que é basilar para esta tese. Entretanto, sua
temática reside em compreender de que forma os indivíduos têm vivido suas trajetórias
sobre beleza facial em um contexto muito atual da sociedade ocidental. Para dar conta
desse propósito, vislumbrou-se pensar uma Antropologia da Beleza que se baseia em
quatro grandes campos da Antropologia Social: o corpo, o consumo, os sentidos e o
digital. Trata-se de uma etnografia no salão de beleza Lucimar Casagrande Coiffeurs, em
Santa Maria, no Rio Grande do Sul (Brasil), que combina observação participante com
entrevistas semiestruturadas com 20 interlocutoras, a equipe do salão, com relatos de
outras profissionais do campo da saúde que atuam no campo da Harmonização Facial.
Aliando essa literatura à pesquisa etnográfica sobre beleza, que se desdobra nos espaços
da cidade de Santa Maria, no período de 2020 a 2023, realizando uma leitura que parte
das sociabilidades, observou-se que já não há mais uma desconexão sobre o viver a beleza
e os meios digitais, que por sua vez tornam as mulheres ainda mais expostas às
representações de ideais de beleza. Contudo, suas próprias plasticidades estéticas lhes
garantem uma certa autonomia em matéria de beleza. Além disso, pensando também a
respeito de uma relação complexa entre beleza e tecnologia, a pandemia da COVID-19,
contexto sob o qual se desenvolve esta tese, colaborou para uma remodelização dos
anseios por cuidados e intervenções faciais. A busca por harmonia da face que acompanha
as mulheres em suas diversas fases da vida e em todos os contextos ganhou novos
formatos mercadológicos por meio da instauração da Harmonização Facial que, por sua
vez, tornou-se um fenômeno que é parte, mas está à parte da própria beleza,
acompanhando comportamentos e escolhas dos sujeitos e suas vivências. A pesquisa
constatou uma intensificação das experiências estéticas com o surgimento de novas
práticas sobre beleza, que é cumulativo e, hoje, mercadologicamente transformadas em
Harmonização Facial. O investimento estético nos espaços de beleza reflete as
discursividades de um investimento de si, que resulta do aumento da pressão estética por
meio dos processos de personalização onipresentes nas redes sociais e na internet a que
todos estamos expostos. Entretanto, mesmo com toda a oferta de possibilidades do leque
de informações estéticas que se abre, as mulheres constroem suas esteticidades pessoais,
de uma maneira quase artística, entre o particular e o coletivo, o individual e o social, em
que cada qual tem, em alguma medida, em suas possibilidades e classificações distintivas,
sua própria temporalidade, subjetividades e identidades.
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