Os impactos da contrarreforma psiquiátrica na atuação do psicólogo nos Centros de Atenção Psicossocial
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Data
2023-06-26Primeiro membro da banca
Zappe, Jana Gonçalves
Segundo membro da banca
Guazina, Félix Miguel Nascimento
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A Reforma Psiquiátrica Brasileira historicamente caracteriza-se como um movimento de luta contra o modelo manicomial de tratamento da loucura. Por meio de diversas mobilizações a Reforma possibilitou a criação de uma Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) focada no cuidado em liberdade, com dispositivos territoriais como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). No entanto, estudos apontam que sempre existiram forças contrárias à Reforma e a favor da lógica manicomial, nesse aspecto, observa-se que desde 2017 tais forças contrárias ganharam força e se configuraram como uma Contrarreforma Psiquiátrica. Dessa forma, torna-se importante compreender este movimento de retrocessos e os seus impactos nos dispositivos derivados da Reforma Psiquiátrica. Nesse sentido, a presente pesquisa buscou investigar os impactos da Contrarreforma Psiquiátrica na atuação dos profissionais psicólogos e psicólogas que atuam nos CAPS, considerando que esta é uma profissão presente nos serviços substitutivos aos manicômios, desde o início da Reforma Psiquiátrica. Para tal, o estudo utilizou uma abordagem qualitativa, de caráter exploratório, utilizando a técnica de entrevistas semiestruturadas. Posteriormente os dados foram analisados por meio da Análise de Conteúdo Temática. Os resultados indicam que durante o período de 2017 e 2022 a lógica manicomial de tratamento da loucura voltou a ser investida e valorizada pelo governo do Brasil atuante neste período. Além disso, todos os Profissionais entrevistados durante a pesquisa têm a percepção acerca de um movimento de retrocessos, que impôs dificuldades à RAPS, e, consequentemente, aos CAPS. Ainda, além de identificarem os retrocessos na Política Nacional de Saúde Mental os psicólogos indicam algumas consequências dos retrocessos em seu cotidiano de trabalho, como o aumento das institucionalizações psiquiátricas, fragmentação dos processos de trabalho, isolamento das equipes dentro dos espaços de trabalho, ambulatorização do cuidado, superinvestimento em comunidades terapêuticas, entre outros aspectos. Por fim, compreende-se a importância de um movimento ético-político para retomar os pressupostos da Reforma Psiquiátrica Brasileira.
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