Quais os efeitos das mudanças climáticas sobre a abundância do marsupial Marmosops Incanus?
Resumo
As mudanças climáticas são um dos maiores problemas do século XXI, sendo uma
ameaça ao equilíbrio ambiental, já que ela atinge todos os diferentes níveis da
biodiversidade. As mudanças no clima podem também alterar os níveis de
precipitação e causar variações na temperatura, levando a alterações nas
distribuições dos biomas, o que pode ocasionar mudanças na abundância das
espécies. Os marsupiais são animais sensíveis às transformações em seus habitats
e muitas espécies são dependentes de ambientes florestais. Dessa forma, a espécie
de marsupial Marmosops incanus, endêmica da Mata Atlântica, se mostra como um
bom organismo para realizar estudos de modelagem preditiva para, assim, avaliar os
efeitos das mudanças climáticas sobre a variação na abundância dessa espécie.
Este estudo teve como objetivo verificar como as mudanças climáticas podem afetar
a abundância potencial de Marmosops incanus na Mata Atlântica. Os dados de
abundância relativa da espécie foram obtidos a partir de banco de dados e revisão
da literatura e os modelos de projeções de cenários das mudanças climáticas foram
baseados no Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas para o período 2061-2080. Nossos resultados indicam que a
espécie poderá perder parte das áreas onde é abundante atualmente. As áreas
propícias ao aumento potencial de abundância para M. incanus localizam-se
principalmente na região sul de Minas Gerais e a diminuição se concentra nos
estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, locais onde atualmente a espécie é
considerada abundante. As novas áreas propícias ao ganho potencial de
abundância podem representar um desafio para a sobrevivência de M. incanus, já
que a Mata Atlântica, atualmente, é um mosaico que apresenta poucas áreas
consideradas extensas, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. Contudo, a área
menos propícia de apresentar locais adequados para ganho potencial de
abundância é a região de Minas Gerais, uma vez que a Mata Atlântica neste estado
possui apenas 7% da sua cobertura original. Um fator favorável para M. incanus é
que as áreas com clima adequado para o aumento potencial de abundância são
consideravelmente próximas às áreas onde atualmente ela é abundante, podendo,
assim, facilitar sua adaptação e dispersão para esses novos locais, já que ela pode
alcançar essas áreas mais facilmente do que locais mais distantes. Desse modo,
esse estudo pode contribuir para medidas de conservação, auxiliando na criação de
planos de mitigação frente aos possíveis efeitos das mudanças climáticas sobre esta
espécie de marsupial endêmica da Mata Atlântica.
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