“Tudo começa na internet”? Homossexualidades em contextos interioranos no Rio Grande do Sul
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Data
2022-08-16Primeiro membro da banca
Adelman, Miriam
Segundo membro da banca
Escudeiro, Richard Miskolci
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A pesquisa tem como objeto a construção da homossexualidade entre usuários do
Grindr na cidade de Santa Maria - RS. A etnografia digital é uma metodologia que se
propõe a compreender fenômenos sociais nas mídias digitais, sendo a metodologia que
proporcionou analisar os perfis de usuários em Santa Maria, e posteriormente, o acesso
aos interlocutores. Os jovens selecionados para fazer parte da pesquisa são estudantes
que residiam no município de Santa Maria na época das entrevistas e são oriundos de
municípios menores ou zonas rurais do estado do Rio Grande do Sul. Investigar a
construção da sexualidade para esses sujeitos demandou que fosse compreendido a
relação estabelecida entre seus contextos de origem e a cidade de Santa Maria, o que
possibilitou entender que o local de origem desses jovens apresenta normas rígidas de
gênero e sexualidade. O contexto de cada interlocutor exerceu impacto distinto na
construção de seu gênero, os que estiveram mais próximos da zona rural tiveram forte
presença de signos do campo que definiam o comportamento masculino. Por se
encontrarem afastados de seus municípios de origem e do regime de controle
representado pela família, vizinhança e demais sujeitos, esses jovens puderam construir
sua apresentação pessoal e experienciar seu desejo homoerótico em Santa Maria, mas
com certas preocupações quanto à visibilidade de sua sexualidade. O título da
dissertação incorpora a afirmação dos interlocutores que “tudo começa na internet” pois
iniciaram a constituição do desejo homoerótico pelo meio digital, porém, busco
questionar tal afirmação pois ao longo da pesquisa ficou evidente que a construção da
sexualidade se inicia afastada dos meios digitais, é expressa inicialmente na família,
escola e vizinhança. Em decorrência do desenvolvimento da internet, segmentos
econômicos passaram a produzir um campo afetivo regulado por uma lógica de
mercado. Assim, a interface do aplicativo é marcada pela necessidade de que os
usuários saibam empreender sobre seus corpos para conseguirem constituir relações, o
que implica que negociem com as normas de masculinidade e corpo que produzem os
sujeitos alvos do desejo.
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